sábado, 7 de maio de 2016

O DESCANSO, A ORAÇÃO

-07/03/16

O médico me disse que preciso de mais descanso. Quantas vezes não lhe falou a mesma coisa? Estou estressado. Muita atividade.
Fiz, então, o que há muito não fazia: dormir após o almoço. Dormi deliciosamente e como isso me fez bem!

Eu estou tentando aprender a fazer nada por alguns momentos, como muitos o conseguem com tanta facilidade! Tentei ficar sem ler, sem escrever, só me “apossando” do ambiente da praça em que eu estava e que me rodeava. Foi uma experiência muito boa.

É incrível como estamos indo numa “enxurrada” de atos e procedimentos e parando muito pouco! Lá na praça vi um senhor que, como eu, fazia nada, olhava alguns pardais e ouvia o rádio bem baixinho. É difícil vermos pessoas fazendo nada. As que conseguem superar o ativismo e se deixam ficar à mercê do “a toa” são mais tranquilas e parecem mais felizes!

Lembrei-me do que dizia o Pe. Arturo Paoli (morreu com 103 anos, recentemente). Ele viveu algum tempo na Venezuela e conta, em seu livro “Caminhando se abre caminho”, que uma senhora trabalhava o dia todo com vários filhos, trabalho difícil, mas diariamente, ao pôr-do-sol, colocava-se em sua varanda para contemplar o ocaso. Era uma hora “sagrada” para ela, em que ficava sozinha e não permitia que nada nem ninguém a incomodasse. Era a hora em que entrava em sintonia com Deus, “prestando contas” de seu dia, e fortalecendo-se para o dia seguinte. Essa sua “happy hour” lhe causava grande satisfação.

O outro fato é o de que as crianças fazem muito isso. Eu tinha uns três anos e minha mãe trabalhava na fábrica, só podia lavar a louça após às 14 horas. A pia não tinha esgoto direto e soltava a água num ralo externo. Eu ficava brincando de “cachoeira” quando a água caía. A tal “cachoeira” aumentava e diminuía o volume de água e eu me divertia muito com isso. Nunca me esqueci!

O pôr-do-sol em Assekren é magnífico, mas o Pe. Carlos de Foucauld o abandonava para ir adorar a Eucaristia, que, segundo ele, era melhor. Olhava para Jesus, sabendo que Jesus também olhava pra ele, e alternava uma ou outra palavra com a contemplação simples e silenciosa.

Enquanto escrevia este texto, fui interrompido várias vezes por pessoas querendo uma palavra de incentivo ou de orientação. A vida é, realmente, corrida! Uma delas desviou-se da oração e não sabe como voltar a ela. Eu lhe aconselhei o mesmo que aconselho aos que perderam o hábito de orar: façam como os monges orientais, que dizem frases piedosas (=jaculatórias) muitas vezes ao dia, como: “Jesus me ajude”! “Jesus, Filho de Deus vivo, tende piedade de mim”! “Meu Jesus, misericórdia”! Aos poucos o costume de oração vai se ajeitando em nossa vida.

São Carlos de Foucauld, em crise de fé, só dizia isto: “Deus, se vós existis, faça com que eu acredite em vós”! E logo começou a acreditar em Deus, e passou o restante da vida dedicando-se a Ele. Veja a vida dele neste mesmo site.

O modo de se rezar mais começa com pouquinho a mais todos os dias, até chegar a um tempo razoável. 

Meu irmão, minha irmã, vamos descansar mais, pensar mais em Deus e menos em nossas picuinhas, em nossas veleidades.

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