sábado, 7 de maio de 2016

IMAGINAÇÃO,PÁGINA EM BRANCO

12/03/16- 


IMAGINAÇÃO, Página em Branco 

Jean Paul Sartre inicia o seu livro A imaginação com uma reflexão sobre esse assunto logo na introdução, falando que está diante de uma página em branco, mas aquilo não é simplesmente uma folha em branco. Veja o comentário que vi sobre o assunto:

“Em A imaginação, o autor levanta as contradições intrínsecas ao conceito de imagem, sobre o costume de se pensar a natureza da imagem a partir de uma experiência reflexiva. Já na introdução, Sartre mostra que uma folha em branco não é apenas uma folha em branco”. 

O que escrever sobre uma folha em branco? Há tantas coisas! Uma página em branco, em si mesma, já é significativa: significa o nada, a falta de inspiração, a “ocagem” da mente. Pode, também, significar um protesto contra a imbecilidade que se está espalhando pelo mundo pela mídia. 

Se a página for como a em que escrevi o rascunho deste texto, terá linhas paralelas e uma margem. As linhas paralelas eu obedeço, mas a margem, não. Faço questão em não observar a margem. As margens são limites. Os limites podem ajudar os rios a chegarem ao mar, mas podem prejudicar a irrigação e, consequentemente, dificultar a colheita. 

Já as linhas paralelas impedem que as frases se confundam e se misturem. Por isso eu as observo. 

Uma página em branco, sem linha alguma, simboliza a liberdade. Você pode escrever nela como quiser, do modo que quiser, mas isso pode levá-lo ao caos, como nas páginas em branco que recebemos ao nascer, para serem preenchidas durante nossa vida. O caos se determina quando não seguimos orientação alguma, nem das linhas paralelas, nem das margens, dependendo do modo como as preenchemos... 

No salmo 54 (55), o salmista afirma que Deus tem um livro para cada um de nós, e o preenche ininterruptamente: “Nossas lágrimas e nossos passos, não estão todos eles escritos em vosso livro? As lágrimas, não estão elas recolhidas em vosso odre”? 

Nosso pensamento é livre, mas nossa ações devem ser sempre dirigidas por Deus. As margens podem, nesse caso, significar a falta de ação em favor do pobre, do oprimido, quando nos resguardamos na vaidade, orgulho, falta de misericórdia. 

São Pedro perguntou a Jesus quantas vezes deveria perdoar ao irmão, e Jesus respondeu “sempre”. São Pedro colocara, ali, uma margem: sete vezes. Jesus tirou a margem: setenta vezes sete, ou seja, sempre. 

O mesmo Sartre disse, em outro lugar: “O inferno, para mim, são os outros”! Em outras palavras: minhas margens são os outros! Aí as margens são como as do riacho: permitem que ele chegue ao mar. 

Termino lembrando a todos de que, o que quer que tenhamos escrito em nossa página em branco de nossa vida, Deus nos diz: “Eis que farei coisas novas“! (Is 43,16-21). “Esquecendo-se do que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente”(Filipenses 3,8-14). “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Esqueçamos, pois, o que ficou para trás e nos lancemos ao longo do caminho que vemos à nossa frente. Deus nos perdoou e limpou tudo o que havíamos escrito de negativo e de mau em nosso caderno. Suas folhas estão limpas novamente, prontas para serem usadas, desta vez de modo melhor. Mas veja bem! Diz um autor que nunca chegaremos a um objetivo diferente se trilharmos o mesmo caminho. O contato contínuo com Deus faz-nos descobrir forças que nem imaginávamos que tínhamos!

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