sábado, 7 de maio de 2016

O CAMINHO DA CRUZ



19/03/16-

Nunca eu andei tanto como certa vez em que me perdi entre o Jardim Ouro Fino, de Ribeirão Pires, e Suzano. Ainda não havia celulares.

Saí do Ouro Fino, achando que ia andar uma hora, e saí em Palmeiras, um bairro de Suzano, várias horas depois, talvez mais de cinco. Eu era mais novo, tinha pouco mais de 50 anos de idade, e consegui.

Quanta angústia! Ninguém na estrada! Quantos pensamentos diferentes! Quantos momentos de quase desespero! Quantos rosários rezados!

Entretanto, eu me animava a continuar a caminhar. Não desistia. Sabia que iria sair em algum bairro, em algum lugar. E venci, e consegui.

Em nossa vida também é assim. Caminhamos num caminho desconhecido. Vemos o agora, vislumbramos um pouco além da estrada, e mais nada. Não sabemos o que nos aguarda na próxima curva. Não sabemos em que condições ficaremos física e moralmente.

É preciso uma meta, um objetivo, uma luz no fundo do túnel, à qual possamos olhar, a fim de conseguirmos continuar a caminhada com esperança e confiança. Não tenho medo do que vai acontecer, pois haja o que houver, Deus estará sempre comigo, conosco, e com toda a humanidade. Ele nunca nos abandonará. Nós é que às vezes o abandonamos!

Entretanto, muitos o abandonam para sempre. É uma grande desgraça abandonarmos Deus!

O pecado sem, perdão, contra o Espírito Santo, é justamente não querer mudar de vida, não pedir perdão, achar que não há perdão para aquele pecado, ou que Deus não o perdoará.

A misericórdia de Deus é infinita (perdoar 70 vezes 7) e é uma “árvore” cujos frutos sempre estarão à nossa disposição, desde que Jesus morreu por nós na cruz, resgatando-nos do pecado. Ele nos oferece a Árvore da Vida, que é Ele mesmo (cf Apoc. cap. 2), e os frutos são oferecidos a nós, sempre, sem reservas.

Aliás, é isso que Jesus veio fazer aqui na terra: tornar possível que comêssemos dos frutos da Árvore da Vida, impedida por Deus após o pecado de Adão e Eva, até que seu Filho morresse na cruz e ressuscitasse.

Durante a caminhada em que eu me perdera, parei várias vezes para olhar as paisagens que apareciam. Diz S. Gregório Magno (2ª leit. do Of. das Leit do 4º dom. da Páscoa) que o que é perigoso é pararmos para olhar as paisagens e não continuarmos a caminhada! Ficamos tão embevecidos com as maravilhas encontradas ao longo do caminho que nos esquecemos do objetivo com o qual iniciamos a andar.

Eu entendo que São Gregório Magno queria lembrar o materialismo a que muitas vezes nos entregamos. Ficamos tão ligados aos vícios, às manias, ao supérfluo, ao poder, ao dinheiro, ao paladar, ao sexo, à vaidade, ao lazer, que acabamos abandonando o verdadeiro Caminho, a Verdade e a Vida, como disse Jesus, nos evangelhos, que é Ele próprio.

Em nossa caminhada temos de enfrentar as cruzes que aparecem. Todos nós temos medo da cruz. Tentamos evita-la o mais possível, ou, se já estamos nela, tentamos escapulir.

O melhor modo de levar a cruz é aceita-la, assumi-la, até que Deus nos livre dela ou a alivie.

Para muitas pessoas, ela dura o restante da vida. Para outras, termina ou muda de “naipe”. Entretanto, enquanto estamos com ela, levemo-la com alegria ou, se isso nos for difícil, pelo menos com resignação e em paz.

A oração pode não só nos aliviar em nossa via-sacra, mas até livrar-nos dela, se mudarmos nossa vida para uma vida de louvor contínuo a Deus não só com palavras, mas também e principalmente, com os nossos atos.

Diz Hebreus 12,10 (cf. de 1 a 13) que o sofrimento (a cruz) nos purifica, a fim de que Deus possa nos transmitir sua santidade. É como o fulano que, para pegar um pouco do perfume que o amigo trouxe da França, lava bem o frasco para que o perfume não se deturpe. Só estando puros que nós não falsificaremos nem deturparemos a Palavra de Deus que Ele vai infundir em nós.

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