sábado, 7 de maio de 2016

APARIÇÕES, A ENCARNAÇÃO, DEUS.

04/04/16-
Não conhecemos Deus de repente, num só relance, mas aos poucos, paulatinamente,  com os fatos que se sucedem em nossa vida.
Hoje celebramos a Anunciação do Senhor, transferida do dia 25/03 por ser Semana Santa.
Maria foi essa mulher que descobriu aos poucos o que Deus queria dela. Lucas fala que o Anjo lhe disse o que lhe iria ocorrer, mas o mistério era tão grande, tão profundo, que ela o foi assimilando aos poucos. 
O Santo Papa Leão Magno disse (cf. 2ª leitura do ofício das leituras de 25 de março): “O Criador de tudo quis ser um dos mortais não por falta de poder, mas por uma condescendência de misericórdia. Aquele que, na forma de Deus, fez o homem, este mesmo fez-se homem, na forma de escravo”.
Maria já se oferecera a Deus durante toda a sua vida e aceitou ser sua mãe quando percebeu-se grávida, como disse Mateus. Sempre agiu por pura fé e ia, aos poucos, conhecendo os projetos divinos: “Maria guardava e meditava tudo isso no coração”, dize, os evangelhos. Ela via, ouvia e compreendia o que acontecia em volta. Prova de que agia por pura fé, e não tanto por aparições.
No encontro com Isabel ficou ciente de que era a mãe de Deus: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me venha visitar”? (cap. 2 de Lucas). Também de que aquilo fazia parte de um plano de Deus: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”!
Maria nunca pecou. Sempre acolheu Deus diretamente e nos relacionamentos, no amor ao próximo: “Eles não têm mais vinho”! (Bodas de Caná). Era pobre, simples, casta, humilde, sabia ouvir no silêncio da contemplação.
Sobre as aparições, devo dizer que penso que elas ocorreram mais nos tempos depois de Cristo do que narra a Bíblia no Antes de Cristo. As aparições de Jesus e Maria, muitas delas são verdadeiras, ao passo que muitas aparições do Antigo Testamento são um modo de se falar de Deus de um modo humano. A anunciação do Anjo a Maria, por exemplo, embora eu acredite que tenha havido, é um modelo seguido das aparições à mãe de Sansão, de Samuel, de João Batista.
Entretanto, não acho correta essa “corrida” que se faz a locais de aparições, como se fosse a única saída. Jesus está ou não presente na Eucaristia? Se está, é Ele próprio, em Carne, Sangue, Alma e divindade que está ali à minha frente, “irradiando-se a tudo o que o contorna”, diz o Pe. Teilhard de Chardin. Como diz um Sta. Teresa de  Ávila, não é esquisito a gente deixar a pessoa para ir conversar com a foto dela em outro lugar? Se Jesus está à minha frente, de que mais preciso? Veja que muitas vezes esse tipo de comportamento, ou seja, o de ficar buscando locais de aparições, torna-se não um ato de fé, mas de falta de fé na Eucaristia!
Não é preciso aparições para mostrar-nos o que fazer. Jesus já disse tudo e a Igreja nos garante a veracidade do que Jesus falou e o interpreta corretamente.
À medida em que as coisas acontecem, vamos percebendo, como ocorreu com Maria, a ação de Deus em nossa história. O livro da Sabedoria, capítulo 1, diz que Deus se revela aos que não amam a mentira, nem o tentam!

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