12/11/15
José era um operário que vivia coma esposa e
três Filhos numa vila industrial, casas construídas pela fábrica local.
Sua vida era modesta,
pois ele e a esposa ganhavam apenas um salário mínimo cada um. Compravam apenas
o necessário. Entretanto, tinham muita caridade e ajudavam os pobres na medida
em que podiam. José, como tinha um tempo maior de almoço, e o filho adolescente,
que estudava e tomava conta da casa, almoçavam em casa; a esposa levava marmita
e almoçava na fábrica. Os outros dois filhos menores almoçavam na escola de
tempo integral da própria fábrica, chamada de “Escola Maternal”. Ela deixava o
feijão cozido, o filho adolescente cozinhava o arroz e o José fritava carne, ou
linguiça, ou ovos, ou salsicha, quando vinha almoçar. Assim eles se viravam
como podiam.
Havia um pobre homem que nessa
hora do almoço vinha, uma vez por semana, com um litro com um pouco de óleo e
pedia para o sr. José colocar um pouco mais ou mesmo acabar de encher o tal
litro. José o fazia sempre, até que um dia convidou-o para almoçar com ele e
seu filho. O pobre aceitou o convite e se identificou: chamava-se Mário Fonseca
e morava numa cidade vizinha, bem maior do que a vila industrial. Disse ter
esposa e uma filha, mas não entrou em detalhes maiores. Perguntou ao José sobre
como vivia com sua família.
O José aproveitou a
oportunidade para desabafar um pouco. Afinal, aquele pobre pouco iria
influenciar em sua vida e em seus problemas e parecia ser o ouvinte ideal.
-Minha esposa tem um
problema sério de saúde e precisa ser operada. Nós não temos direito a esse
tipo de operação e não sei como fazer. Ela não morrerá se não for operada, mas
vai ficar aleijada. Só em São Paulo há um especialista nessa área.
Eram tempos difíceis,
década de 50, logo após a segunda guerra mundial, e tudo era muito precário. O
hospital da fábrica não possuía esse tipo de atendimento.
-Quanto é necessário para
essa operação, Sr. José? (Perguntou o Mário).
O José falou a quantia,
cerca de dez salários mínimos da época, quantia essa impossível para eles.
Mudaram logo de assunto e logo terminaram o almoço e a conversa, pois o José
tinha que voltar ao trabalho. Dessa vez, encheu o litro de óleo do Mário
Fonseca. Sentia-se mais aliviado por ter-lhe contado o seu problema. Sabia que
o outro não poderia ajudá-lo, mas isso lhe trouxe um pouco de paz. As pessoas
geralmente não querem ouvir, só querem falar!
Uma semana depois, o José
recebeu uma carta de um hospital de São Paulo que realizava aquela operação,
marcando a data da primeira consulta. Alguém havia se comprometido a pagar as
despesas da operação e deixara o depósito com a quantia necessária.
Não informaram o nome do
benfeitor, a seu próprio pedido. Só uma coisa intrigava o José: O Sr. Mário
Fonseca, único que sabia do problema, nunca mais apareceu para encher o seu
litro de óleo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário