sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O LITRO DE ÓLEO


12/11/15 
 José era um operário que vivia coma esposa e três Filhos numa vila industrial, casas construídas pela fábrica local.
Sua vida era modesta, pois ele e a esposa ganhavam apenas um salário mínimo cada um. Compravam apenas o necessário. Entretanto, tinham muita caridade e ajudavam os pobres na medida em que podiam. José, como tinha um tempo maior de almoço, e o filho adolescente, que estudava e tomava conta da casa, almoçavam em casa; a esposa levava marmita e almoçava na fábrica. Os outros dois filhos menores almoçavam na escola de tempo integral da própria fábrica, chamada de “Escola Maternal”. Ela deixava o feijão cozido, o filho adolescente cozinhava o arroz e o José fritava carne, ou linguiça, ou ovos, ou salsicha, quando vinha almoçar. Assim eles se viravam como podiam.
Havia um pobre homem que nessa hora do almoço vinha, uma vez por semana, com um litro com um pouco de óleo e pedia para o sr. José colocar um pouco mais ou mesmo acabar de encher o tal litro. José o fazia sempre, até que um dia convidou-o para almoçar com ele e seu filho. O pobre aceitou o convite e se identificou: chamava-se Mário Fonseca e morava numa cidade vizinha, bem maior do que a vila industrial. Disse ter esposa e uma filha, mas não entrou em detalhes maiores. Perguntou ao José sobre como vivia com sua família.
O José aproveitou a oportunidade para desabafar um pouco. Afinal, aquele pobre pouco iria influenciar em sua vida e em seus problemas e parecia ser o ouvinte ideal.
-Minha esposa tem um problema sério de saúde e precisa ser operada. Nós não temos direito a esse tipo de operação e não sei como fazer. Ela não morrerá se não for operada, mas vai ficar aleijada. Só em São Paulo há um especialista nessa área.
Eram tempos difíceis, década de 50, logo após a segunda guerra mundial, e tudo era muito precário. O hospital da fábrica não possuía esse tipo de atendimento.
-Quanto é necessário para essa operação, Sr. José? (Perguntou o Mário).
O José falou a quantia, cerca de dez salários mínimos da época, quantia essa impossível para eles. Mudaram logo de assunto e logo terminaram o almoço e a conversa, pois o José tinha que voltar ao trabalho. Dessa vez, encheu o litro de óleo do Mário Fonseca. Sentia-se mais aliviado por ter-lhe contado o seu problema. Sabia que o outro não poderia ajudá-lo, mas isso lhe trouxe um pouco de paz. As pessoas geralmente não querem ouvir, só querem falar!
Uma semana depois, o José recebeu uma carta de um hospital de São Paulo que realizava aquela operação, marcando a data da primeira consulta. Alguém havia se comprometido a pagar as despesas da operação e deixara o depósito com a quantia necessária.

Não informaram o nome do benfeitor, a seu próprio pedido. Só uma coisa intrigava o José: O Sr. Mário Fonseca, único que sabia do problema, nunca mais apareceu para encher o seu litro de óleo!

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