11/11/15
Há muito tempo atrás
havia uma rainha muito rica, chamada Eloísa, que morava num palácio bonito,
numa terra de pessoas quase sem instrução. Seu esposo, Eleutério, vivia fazendo
longas viagens, deixando-a sozinha e solitária. Não tinham filhos.
Dizia-se no povoado que
essa rainha era bruxa e que tudo o que possuía conseguiu-o por meio da
bruxaria.
Na verdade, ela gostava
de praticar magia negra, era muito vaidosa e achava que podia fazer o que bem
entendesse. Mas nem sempre suas bruxarias davam certo, e isso a irritava.
No povoado viva também
uma senhora pobre, muito conhecida e amada, chamada Neide. Tinha um esposo
trabalhador braçal, mas sempre presente no lar, e um filho, Jonas, de 15 anos
de idade.
Dela, dizia-se que tinha “mãos
de fada” para cozinhar e que tudo o que fazia era bom, bonito, dava certo, e,
em se tratando de alimentação, era saboroso. Na prática, chamavam a rainha de “bruxa”
e a D. Neide, de “fada”.
Certo dia uma das
camareiras da rainha adoeceu e morreu. Logo comentaram na cidade que fora
vítima das bruxarias de Eloísa. Mas isso não era verdade.
Alguns dias após essa
ocorrência, Neide recebeu em sua casa um dos vigias da rainha, pedindo-lhe que
se tornasse camareira dela. Temendo o pior, se recusasse, ela aceitou o
convite.
Alguns dias de trabalho
no palácio foram suficientes para que ela percebesse as manias egoístas e
narcisistas da rainha, e como o palácio ficava em terra árida, sem quase nenhum
verde, sem flores. O castelo, de cor escura, era tétrico e transmitia uma
imagem de tristeza.
Neide conseguiu tornar-se
amiga das cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, e viu que tratavam a Eloísa de
igual por igual: comida péssima, sem atrativos, palácio escuro e sem vida.
Começara a ficar com pena
da rainha. Nunca ela poderia ser feliz naquele ambiente. Começou, então, a
fazer uma campanha interna para melhoria de todos os serviços, mesmo sob as
humilhações e histerias da rainha, que gritava com tudo e com todos.
Neide deu orientações na
alimentação servida no palácio, que, além de ter qualidade, passou também a ser
feita com amor.
Combinou com seu filho
Jonas que, com alguns amigos, começaram a cuidar dos canteiros secos, enchendo-os
de esterco, plantas e flores. Nas horas vagas, aproveitavam o espaço do palácio
para jogar bola e divertir-se com muitas coisas que ali havia, enchendo o local
de alegria. A princípio a rainha pensou em brecar aquilo, mas aos poucos
percebeu que isso estava deixando a vida mais agradável.
Neide tanto pediu que
conseguiu da rainha a pintura do palácio, numa cor mais alegre, e montou uma
classe para ensinar a ler, a cozinhar e a costurar, com as pessoas da vila. É
bom lembrar que isso foi fruto de muitos dias de conversa com a rainha. Neide
mostrou-lhe que seus nervos e irritação provinham de seu estilo de vida. Aos
poucos substituiu o “laboratório” de poções mágicas para um laboratório de
remédios caseiros para a população.
Eloísa começou a gostar
da alimentação mais bem feita e “rendeu-se” ao óbvio: passou a saborear a vida,
e não mais a engoli-la a seco, como fizera até então.
O palácio passou a ser o
centro de uma vida nova e feliz não só para a vila, mas também para os reinos
vizinhos, que iam lá ver de perto as maravilhas que ocorrera. A rainha começou
a fazer alianças muito importantes com os demais, o que muito engrandeceu a
região.
O marido da rainha, o rei
Eleutério, vindo de uma de suas longas viagens, viu as flores, as cores vivas
do palácio, o perfume, a mudança de sua esposa e encantou-se. Começou a tratá-la
com mais carinho e amor e ela percebeu como a mudança lhe havia sido boa, e
eliminou de si qualquer resquício de azedume. Era uma vida nova. O rei não quis
mais viajar, pois fazia isso para fugir do sufoco que a vida ali lhe causava
anteriormente.
Neide, aos poucos, convenceu
a rainha a cuidar de menores carentes, já que não tinham filhos, e eles
encheram o palácio de esperança e renovação. Foram educados com esmero por
pessoas capacitadas, contratadas pela rainha, e tinham também a sua atenção e
companhia, como se fosse mãe deles.
Eloísa e Neide puseram,
então, um cartaz enorme da entrada da vila, com estes dizeres:
“Aproveite a sua vida
intensamente, no amor a Deus, ao próximo e a si mesmo, e seja uma pessoa feliz”.
Eloísa e Neide passaram a
ser tão amigas que a rainha mudou o nome do palácio para “Palácio Eloneide”. E
todos viveram felizes para sempre.
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