sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A VELHA E O ANJO


11/11/15
Josefa e Mário casaram-se jovenzinhos, mas foram muito felizes. Na cidadezinha rural em que viviam, todos os conheciam e os amavam.
Tiveram dois filhos, que os amavam muito. Possuíam um pequeno sítio na zona rural, e ali plantavam e criavam galinhas e porcos. Ela cuidava da casa e um pouco disto e daquilo, mas não se dava bem com o “gerenciamento” do que possuíam. Um de seus filhos é quem cuidava disso. Eles eram solteiros, apesar já dos 30 e 32 anos que tinham.
Certo dia, uma desgraça: enquanto salvavam os porcos de uma enchente do riacho, os três foram atingidos por um raio. Os dois rapazes morreram na hora, mas o Mário pôde ainda trocar algumas palavras coma esposa aflita. Entre outras coisas, disse:
- Querida, chegando no céu vou pedir ao meu Anjo da Guarda que fale para o seu cuidar bem de você e ajudá-la no gerenciamento do sítio! Vou pedir que Deus lhe dê essa permissão!
Eles eram muito católicos e iam sempre à Missa, comungavam, ajudavam os pobres, ensinavam o catecismo para alguns adultos. A esposa não levou muito em consideração aquelas palavras, porque achava que eram as de um moribundo, mas lhe disse:
-Acredito em você, querido. Estarei sempre com o meu pensamento ligado no seu. Sei que Deus vai me ajudar, mas esqueça disso! Você não vai morrer!
Infelizmente ele morreu. O tempo foi passando e o sítio continuou produzindo. A cidade toda sabia da promessa que Mário fizera a Josefa, e a viam agir como se alguém a estivesse ajudando, pois ela passou a ter “tino” comercial na chefia das plantações e criações do sítio. Contratara alguns empregados, fundou uma pequena indústria de enlatados e embutidos de porco etc.
As más línguas começaram a dizer que ela estava sendo ajudada por um amante, e passaram a tratá-la mal, com desdém, como que se a tivessem julgado e condenado.
Certo dia, umas mulheres do grupo das fofoqueiras, da região, foram bisbilhotar a velhinha, já com seus 70 anos, mas “vendendo” saúde e energia. Ela estava numa cadeira de balanço, junto a uma outra, em que o Mário costumava ficar, com ela, à tardinha, quando era vivo.
Já era o pôr do sol e ela, já tendo jantado, fazia uma toalha de crochê. As mulheres se esconderam atrás de algumas árvores ali perto, e a ouviram conversar com alguém que estaria na outra cadeira de balanço, mas não viam ninguém ali. A cadeira vazia balançava, e ela também balançava-se com a em que estava sentada.
A dado momento ela parou de falar e de se mover e olhou para a cadeira vazia, que parou de balançar. Aí ela riu de maneira gostosa e continuou a balançar-se. A outra também. Parando de dar risadas, virou-se para as que estavam escondidas e gritou:
- Amigas! O meu Anjo da Guarda disse que vocês estavam aí! Entrem para tomar um cafezinho!

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