terça-feira, 30 de julho de 2013

POESIAS - PESSOAS, CONTATOS, TRABALHOS 12


A MANSÃO ASSOMBRADA

01/03/2017

C-348

A mansão assombrada,

silente na escuridão da noite,

arrepia-se, abandonada,

com o vento frio, verdadeiro açoite.

 

Ali próximo, carro quebrado,

um homem aventura-se e entra.

Nada por perto. Lugar afastado.

Ele, pouca idade, talvez uns quarenta.

 

Uma chuva começa, torrencial.

Só os relâmpagos a iluminam.

Ele forra um velho sofá com jornal.

Dorme. Os perigos não o desatinam.

 

Meia-noite. Luz forte no armário.

Acordando assustado, o homem treme.

Ao longe, ouve um canário.

Naquela hora? Naquele lugar? Geme.

 

Tomando coragem, se aproxima.

Abre o armário iluminado.

Barras de ouro, um cartão em cima.

A luz se apaga no metal dourado.

 

Celular em punho, lê a nota:

“Este ouro é maldito,

pertenceu a um agiota.

Seu descanso só será bendito

Se o não usares como um idiota”.

 

Após dezenas de cochiladas

o dia, afinal, despontou.

Após muitas pedaladas

numa bike que ali encontrou

a auto mecânica foi encontrada.

 

Comprou a mansão assombrada

e um asilo ali instalou.

Custou-lhe quase nada!

Muito ainda lhe sobrou.

A mansão antes assombrada

nunca mais incomodou.



ESPERA

27/07/17

C-353

Meu coração bate forte,

aguardo a esperada resposta!

Sim ou não? Pouco importa!

Já não ligo qual seja a proposta!

 

Amar a Deus sem reservas

é tudo o que agora desejo.

Amar o irmão e o inimigo,

nada mais neste mundo eu almejo.

 

O tapete que me tiraram

já forra o meu novo caminho.

Deus nele me espera sorrindo,

nunca nele estarei sozinho.

 

Que a chuva seja torrencial lá fora,

que a ventania sopre renhida!

Fico aqui dentro com Jesus

e Maria, minha mãe querida!



OUTRO DIA ABENÇOADO

27/09/2018

C-365

Neste dia abençoado

canto as maravilhas de Deus!

Acolhidos, sempre amados,

somos todos filhos seus.

 

Tudo em volta reluz,

tudo em volta canta ao divino,

até mesmo nossa cruz,

deixa de ser desatino.

 

Por Ele sempre amados,

crentes, descrentes, ateus,

desde que estejam inflamados

nossos corações para Deus!

 

De harmonia celeste envolvido,

ouço a criação a cantar:

“Aprendemos desse Deus tão querido

uma só coisa:   AMAR!



A VALSA

20/03/1980

C- 401

Se em meus braços pusesses os teus,

para a valsa do amor nós dançarmos,

no salão tão imenso, eu me sinto um Romeu,

de vazios e inócuos sarcasmos,

desta vida tão cheia de nadas...

 

Ó querida, o salão mudaria

para um céu, todo cheio de flores,

para um sempre tão bom de iguarias,

para um mundo tão livre de dores,

numa vida sem "ais" e sem "nadas".

 

Onde os sonhos de amor não seriam

afundados no mar em navios*

E as poetisas às musas dariam

um eterno descanso bravio,

se em meu nada pusesses o tudo que és.



O POBRE MISSIONÁRIO

(Sem data. Talvez 1986)

C-368

Lembrando a amada terra,

 tão longe e tão distante,

Sozinho, na tarde triste,

medita o missionário.

Um quê de choro e angústia

reflete-se em seu semblante

por ver que a messe é grande

e tão poucos os operários

 

Crianças abandonadas,

sem chance, sem nomes,

casais desamparados,

sem casas e com fome,

doentes esfarrapados,

sem cura, sem conforto,

mães que não chegam a ser mães,

fetos que se tornam abortos...

 

Magias e superstições,

 homens em guerra,

terras sem gente,

 gente sem terras!

 

Ricos devorando pobres,

banquetes dos milionários,

povo sem jeito de povo,

escravos a que chamam operários.

 

E na pobre capelinha branca,

 entre as escuras casinhas,

de uma vitrola rouca,

o som da Ave-Maria,

chamando a todos eles,

adultos e criancinhas,

o pobre missionário

 celebra a última missa do dia.

 

Ali todos se encontram,

 fraternos, com amor,

ali todos se abraçam,

 esquecem sua dor.

 

E o missionário amigo,

chorando de emoção,

apela a Deus por todos,

exorta à perseverança,

até que os poderosos

 mudem o coração,

juntem-se à nossa luta,

 juntem-se à nossa dança.

Jesus morreu por todos,

mudando, pela nossa oração,

dor em alegria, tempestade em bonança...


ENTRELINHAS

C-403

Nas entrelinhas de teu olhar

Vi a ironia de teu sorriso.

Minha face se esfriou,

Meu coração se arrefeceu.

 

Nas entrelinhas de teu sorriso

Vi ironia de teu olhar.

Meu coração se esfriou,

Minha face se arrefeceu.

 

Nas entrelinhas de tua face

Vi a ironia de teu coração.

Meu sorriso se esfriou

Meu olhar se arrefeceu.

 

Nas entrelinhas de teu coração

Vi a ironia de tua face.

Meu olhar se esfriou,

Meu sorriso se arrefeceu.

 

Tirei o meu violão de teu olhar,

Apaguei o sorriso de minha face,

Aqueci o meu coração,

Engoli o meu sorriso.

 

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