terça-feira, 30 de julho de 2013

POESIAS –PESSOAS, CONTATOS, TRABALHOS 11

 

A BAILARINA

27/08/16

C-304

Entre plumas e paetês

vai a bailarina dançando;

como golpes de karatê

seus braços vão balançando...

 

O desfile carnavalesco

a avenida perpassa.

Tudo ali é burlesco,

coisas bonitas e coisas sem graça.

 

Seu coração, alegre,

exulta ao ritmo frenético,

De seu corpo, como em febre,

corre suor, é firme e atlético.

 

O futuro, o passado,

Para ela ali não existem!

O presente não lhe é pesado,

pois as alegrias persistem!

 

O silêncio da madrugada

já mostra que tudo acabou.

É hora de pegar a estrada,

a realidade recomeçou!

 

A vida se lhe mostra muito dura,

a fantasia já está guardada!

Uma a uma as desventuras

a ela voltam, detestadas!



O MISSIONÁRIO

04/09/16

C-310

Como um pobre pelicano no deserto,

muito longe de sua terra natal,

aquele missionário, futuro incerto,

combate, esperançoso, todo o mal.

 

Com muita simplicidade e muito amor

prega com sabedoria a caridade,

fala com alegria sobre o Senhor,

transmite seu apelo à santidade.

 

Sozinho, após sua diária missão,

pensa em sua pátria tão querida.

Uma dor lhe transpassa o coração,

àquele povo ele oferece sua vida!

 

Quanto tempo ainda? Quantas dores?

Não sabe. Sua vida está em Deus!

Aqueles são seus únicos amores,

um dia precisará dizer adeus!

 

“Minha vida não é minha,

pois a Deus dei!

E aonde Deus me mandar,

feliz lá morrerei”!

(esta última estrofe é tirada de uma poesia e música de Fidêncio Bogo, “o barco da madrugada”).

 

A DONA DE CASA

09/10/16

C-323

A dona de casa, coitada,

trabalha o dia inteiro!

Sempre como empregada,

às vezes qual carpinteiro!

 

O almoço está saboroso,

o jantar está também!

Tudo está tão gostoso!

Todos dizem: “Amém”!

 

Quando descansa, no sofá estirada,

vê o seu marido chegar,

e embora sonolenta e cansada,

vai seu chinelo pegar.

 

Traz também um cafezinho,

cubinhos de mozarela,

põe tudo num cantinho,

e senta-se junto à janela.

 

O maridão tão folgado

joga os sapatos no chão,

acende um cigarro mentolado

e dá uma cuspida de raspão.

 

A mulher lhe chama a atenção,

diz, com muita fadiga:

“Tenha mais educação!

Não quero acabar numa briga”!

 

Maridão despreocupado

derrama café no almofadão,

deixa a camisa de lado,

sem lhe dar a menor atenção.

 

Não sei o final desta história,

mas uma coisa eu lhes digo:

Só entrará na glória

quem tiver Deus consigo.

Quem trata a esposa com desdém,

do céu não terá um só vintém!


NOSSAS AMIZADES

09/10/16

C-324

A brisa que me afaga o cabelo

de outros afagos provém,

de alguns afagou muito zelo,

de outros, a maldade e o desdém.

 

Quando ela afaga a bondade,

torna-se alento perfumado!

Quando ela afaga a maldade,

torna-se um vento tresloucado.

 

É assim que funciona a amizade,

que às vezes no acaso acontece.

A bondade repercute a bondade,

a maldade só ao mau apetece!


N. SRA. APARECIDA

12/10/16

C-325

De terracota a pequenina imagem

no rio se fez enegrecer,

pronta para nos dar a mensagem

da escravidão desaparecer.

 

No ano que vem o tricentenário

comemoramos com alegria!

Até um novo campanário

faz aumentar nossa euforia!

 

Nossa tristeza se apresenta

quando sabemos que a escravidão

à nossa era se acrescenta,

ainda nos magoa o coração!

 

Modernos escravos do trabalho,

jovens pelos vícios escravizados,

valores diversos como um baralho,

mas todos pela Mãe muito amados.

 

Por Maria chegamos a Jesus,

pelo amor chegamos à salvação!

Levando com paciência a nossa cruz,

partilhando nossa vida com o irmão.

 

Aparecida foi o nosso presente,

uma dádiva amorosa de Deus.

Nela o mal se faz ausente!

Como tenho pena dos ateus!



OS HÓSPEDES DE C. DE FOUCAULD

19/11/16

C-337

Sob o sol escaldante do deserto

Foucauld, sentado sob a palmeira,

num oásis, nada por perto,

rezava, do Ofício, a hora terceira...

 

Sua cabana pequena, mas tão terna,

quantos hóspedes já tivera!

Sua acolhida, caridosa e paterna.

como nunca antes ali houvera!

 

Até sessenta hóspedes por dia,

tantas caravanas por ali passadas,

sua oração só não se reduzia

porque usava o silêncio da madrugada

 

Nesse dia, sem nenhuma visita,

pôde prolongar sua adoração.

Olhava ao infinito, alma aflita,

por todos pedia paz e salvação.

 

Sua tumba continua no deserto,

testemunha silenciosa e tão querida,

gritava o evangelho a céu aberto,

não com palavras, mas com a própria vida!

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