quinta-feira, 30 de maio de 2013

POESIAS - NATUREZA 12

TARDE ENFADONHA

22/11/16

D-340

O enfado desta vida me destina,

o mormaço me deixa sedento!

O áspero caminho se me aglutina,

não sei quanto tempo ainda aguento!

 

As árvores imploram pela chuva,

a terra ressequida se endurece;

imagino um gelado suco de uva,

pensar numa piscina me entontece!

 

De repente vejo ao lado uma clareira,

uma trilha na mata fechada.

Entro nela e encontro uma cachoeira,

água cristalina e quase gelada!

 

Ao lado dela um pé de laranjas maduras,

talvez por muito tempo abandonado.

Só me faltou, pra acabar com as agruras,

espremê-las, num suco bem gelado!

 

Momentos depois retorno ao caminho,

refrescado, uma carona consigo!

Ar condicionado, carro fresquinho,

Eu já o considero meu amigo!

 

Chegando finalmente ao meu destino

agradeço e entro em minha ermida.

Louvo e bendigo a Deus por tanto mimo,

e minh' alma eternamente é agradecida.



O AZUL DESSA FLOR

17/01/17

D-346

O azul dessa flor me incomodou,

o azul dessa flor me fez parar!

Beleza efêmera, pouco durou,

mas me fez chorar, me fez pensar!

 

Nascida na agrura do concreto,

isolada num cantinho da calçada,

nunca vi algo tão discreto

tornar minha mente abalada.

 

Minha vida é como essa florzinha,

que hoje existe, amanhã não mais!

Mas sua foto, mostrando-a escondidinha,

vai perdurar, não se apagará jamais!

 

Espero também que minha obra

perdure para além de minha morte,

que não seja qual simples sobra,

mas que a muitos anime e conforte!



A PLANTINHA ISOLADA

21/04/2017

D-351

Chuva torrencial. Tarde molhada.

A plantinha, mirrada, sedenta,

em local impróprio plantada.

Talvez o acaso, a sina agourenta.

 

Apesar da chuva, seca continuava.

Tudo ao redor encharcado.

“Como fui nascer aqui”? Perguntava.

E curvou-se sobre o talo mirrado.

 

Certa manhã, quase morta,

ouviu um barulho infernal.

Olhou pra cima, já toda torta,

Já não aguentava mais o seu mal.

 

Era uma frágil esperança!

Um buraco abriu-se no telhado,

Talvez fosse uma bonança!

Aquilo tudo estava abandonado!

 

O sol, finalmente, chegou nela!

Sorrindo, esparziu-se garrida!

À tarde, a chuva por sequela

Forçou-a a ficar toda florida!

 

Explodindo de felicidade

perfumou-se e a todo o lugar.

E é assim que o dono da herdade

A encontrou, ao retornar ao seu lar.

 

Abriu a porta e se extasiou

ao ver tão belas flores!

Com cuidado a replantou

como se fosse um de seus amores

 

Já no jardim, sempre a crescer,

ficou forte, bonita, contente.

Ninguém escolhe onde nascer!

Cada um do outro é diferente!

 

É assim com menores abandonados,

nascem ao léu, sem carinho,

tornam-se adultos frustrados,

se ninguém lhes conserta o caminho!

 

Se você nascesse como essa flor,

sem condições para bem crescer,

sem carinho, sem paz, sem amor,

iria algum dia florescer?

 

Antes de criticarmos a sociedade

tiremos da mente o preconceito!

Um pouco mais de bondade,

tornaria o mundo perfeito!


READAPTAÇÃO

16/10/2018

D-366

As folhas secas

daquela árvore antiga

se perdem ao relento,

são varridas para o lixo,

ou são levadas pelo vento...

 

Outrora verdes,

destilavam frescor,

arejavam o mundo,

geravam lindas flores

que inspiravam o amor...

 

Agora, secas,

despregadas da ramagem,

nada mais destilam,

nada mais inspiram,

são o lixo da paisagem...

 

Eu vejo, nessas folhas,

as velhas e empoeiradas páginas,

amareladas e antiquadas,

completamente fora de moda,

dos meus juvenis pensamentos...

Quanta esperança destilavam!

Quanta harmonia envolviam!

Quanto amor inspiravam!

 

O meu tempo já passou,

novos valores surgiram,

o mundo não parou,

tudo se renova.

 

Entretanto...

a velha árvore,

que contempla, saudosa,

suas folhas secas

que já não lhe pertencem,

vê que surgem,

em suas ramagens,

novas folhas de primavera.

 

Sentado num banco ali perto,

contemplo os tenros brotos

e encho-me de alegria.

Nada está perdido!

Se a velha árvore refloresce,

por que eu também não poderia?



A EUCARISTIA

23/10/2003

D-196

Neste crepúsculo tão belo

 contemplo o nosso Criador,

e, cheio de amor,

ponho-me a meditar...

Tudo isso por Ele foi criado!

 O céu, a Terra, o mar,

 todas as estrelas, todo o universo!

 

E, nesse enlevo sublime,

comigo mesmo converso:

Deus fez tudo do nada!

 

E o homem transformou em pão o trigo, transformou a uva em vinho amigo.

Sou tão pequeno diante disso tudo!

 

Cala-se a minha voz, fico mudo!

Mas, como sacerdote do Deus Altíssimo,

Pego um pouco de vinho

e um pouco de pão alvíssimo,

e, na Santa Missa,

eu os transformo no Deus Santíssimo!



O GIRASSOLZINHO

Talvez de dezembro 2014

D-404

Ele nasceu no “L.E.M.”,

e seguia o curso do sol.

 

Só ele.

Ao seu redor, seus irmãos olhavam,

imóveis,

sorridentes,

resplandecentes,

A imagem de Maria.

Esta, qual girassol de Deus,

Olha sempre para sua divina luz,

Como os girassóis olham para o sol.

 

Maria,

essa Rosa Mística,

perfumada por Deus,

Para mediar todas as graças,

esparzindo o perfume

da virgindade,

da Conceição Imaculada,

da Santidade,

da beleza humilde,

tem aquela sua imagem

reverenciada por esses girassóis.

 

O girassolzinho virou-se levemente,

suavemente,

e a viu:

uma jovem sorridente,

olhando para o nosso planeta,

mãos estendidas,

espalhando a graça divina,

E ele sorriu.

E de alegria, chorou.

Que jovem linda!

Mais brilhante que o sol!

De repente, a chuva, o vento, a tempestade.

Enxurradas.

Árvores partidas.

Casas derrubadas.

E os girassóis...

todos ao chão.

 

A mão amiga que os cuida chegou.

No meio da chuva,

agora já mais fina,

os reergueu,

os apoiou em estacas,

os levantou.

 

O girassolzinho,

de cara no chão,

foi erguido.

Cabisbaixo.

Triste.

Sem forças.

No dia seguinte, o sol.

O calor,

a vida!

Reerguido, olhou para a jovem do nicho.

Ela sorria!

Seria para ele?

A alegria voltou.

A vida continuou!

 

Meses depois,

já adulto,

carregado de sementes,

Não mais um girassolzinho,

morreu.

Em seu lugar,

mais de 60 sementes

continuaram sua vida.

Algumas delas,

ali, no Jardim do L.E.M.,

continuam a olhar para o nicho,

em que a imagem da bela senhora,

sorri para eles.

 

Em nossa vida,

olhemos também para Maria!

Ela é como um girassol de Deus,

que sempre o olha com olhar de filha,

de esposa,

de mãe.

Olha para nós, também,

e zela para que alguém nos coloque um apoio,

quando estamos de cara no chão,

como o girassolzinho.

Que as chuvas do sofrimento,

da maldade,

das provações,

da infelicidade,

não nos abatam.

E se nos abaterem,

Façamos como o girassolzinho:

Olhemos para Maria,

e peçamos socorro.

Ela, Mãe de todas as graças,

Nos levantará.

O LÍRIO DOURADO

talvez outubro 2012

D-405

O botão aos poucos se ergueu,

voltou-se para a luz do sol,

e no dia seguinte se abriu.

Seu encanto,

seu perfume,

sua beleza,

transformou em alegria

a tristeza daquela velhinha,

sua angústia em esperança,

seu desânimo em desejo de viver.

 

A flor surgida do botão perfumou,

alegrou,

encantou,

todos os dias em que viveu.

A velhinha olhou a tão bela flor,

um lírio dourado,

e pensou nos seus dias passados:

ela quisera tê-los vivido,

todos eles,

como esta flor:

alegrando,

animando,

perfumando,

levando todos a se alegrar

em Deus, seu Deus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário