quinta-feira, 30 de maio de 2013

POESIAS - NATUREZA 07


O PICO AGULHAS NEGRAS

(28/02/15)

(anos 70)

D-162

Quatro vezes o escalei,

quatro vezes o amei!

Subida difícil e trabalhosa,

perigosa, mas cheia de encanto!

A cada canto, um desafio,

no desafio, uma paz saborosa!

 

A subida valeu!

O topo, quase no céu;

a audácia venceu!

A paisagem, ao léu,

desdobra-se num apogeu!

 

Lá embaixo, tudo pequeno!

Uma brisa fresquinha e suave,

um clima mais do que ameno,

num janeiro de verão tão grave!

 

O silêncio é profundo!

Nem aves, nem bichos, nem grilos!

Sentado no topo do mundo,

meu cérebro “viaja” tranquilo!

 

A realidade me chama,

preciso ao meu mundo voltar!

Profunda tristeza me inflama,

com os colegas, a retornar!

 

Uma chuva irrompe tão forte,

dificulta sem par a descida!

Tememos o perigo da morte,

a vigilância se torna renhida!

 

Já no sopé, vitoriosos,

a Deus tão bom agradecemos!

Encharcados, mas gloriosos,

algum dia, decerto, voltaremos!

 

Pudera! Isso nunca se refez!

A idade chegou, desastrosa,

e com ela a flacidez!

Só na lembrança, tão chorosa,

posso estar lá outra vez!

 

A GOTA

(15/03/15)

D-168

A gota pingava

na pedra tão dura!

Uma pedra que chorava,

sobre uma outra, suas desventuras!

 

A pedra de baixo resistia,

pra pedra de cima não ligava!

A de cima insistia,

e sobre a outra, sempre pingava!

 

Ano após ano chorando,

a pedra de cima venceu!

A de baixo, lhe chamando,

lhe disse: “Você me comoveu!”

 

No buraco que a água fizera

na pedra de baixo. surrada,

caiu um pouco de terra,

e uma semente inchada.

 

Uma flor apareceu

e a trepadeira se espalhou,

cresceu e cresceu,

e na terra se firmou.

 

A pedra de baixo, coberta

pela linda trepadeira,

não mais ficou deserta,

se encheu de flores por inteira.

 

A de cima a chorar continuou,

não de tristeza, mas de alegria!

A pedra de baixo se enfeitou

não mais continuou pedra fria!

 

A água continuou caindo,

as duas pedras sorriam,

`a nova vida se abrindo,

as gotas não mais lhe feriam!

 

A moral desta história

é fácil entrever:

Está, o caminho da vitória,

no compartilhar o sofrer!

 

DIA DE DESERTO

(27/04/15)

D-178

Rádio, tevê, internet, jornal,

telefone, campainha, ruído infernal!

Cansei-me de tudo, saí para fora,

fui para o sítio onde meu tio mora,

lá, dormi.

 

De manhãzinha, na cocheira,

ao lado da vaca leiteira,

tomei meu achocolatado,

leitinho bom, espumado,

mas... uma mosca engoli!

 

Peguei um lanche e caminhei,

na mata fechada eu entrei.

Pássaros barulhentos e variados,

não me deixaram sossegado!

Quanto barulho eu ouvi!

 

À beira do rio cheguei,

pernilongos e mutucas encontrei!

Minha casa, ó que saudade!

Que falta faz a cidade!

Muitas picadas senti!

 

Nadei um pouco e voltei,

na casa do tio almocei,

retornando logo à cidade,

e à minha casa. Que felicidade!

Bem logo adormeci.

 

No dia seguinte, logo bem cedo,

desliguei tudo, sem nenhum medo,

e, sem sair da cidade,

fiz o meu gostoso dia de deserto!



TARDE DE OUTONO

(27/04/15)

D-179

A tarde me invade,

o sol me ilumina...

a felicidade,

qual dama fina,

pede licença

e, com toda a bondade,

em mim se descortina!

 

Presto muita atenção

a este crepúsculo tão belo!

Ponho nele o meu coração,

pois tudo é tão singelo!

 

A brisa mansa

que em meu rosto descansa,

excede todo anelo!

É plena a consolação!

 

Quando estou em Deus

tudo se torna bonito!

Estes pobres olhos meus

vislumbram o infinito!

 

A PRAIA DO MARUJÁ -2

25/06/15)

D-194

A pousada do Tonico,

quantas vezes me abrigou,

pra curar meus estresses

a que a vida me levou.

 

Praias desertas e puras,

sem ninguém para te olhar,

cheias de formosura,

sem casas, sem nada,

só a mata a enfeitar!

 

A praia da Laje, que linda!

Capricho da criação!

A paz ali é infinda,

conforta o meu coração!

 

A cataia na pinga

alegra qualquer paladar!

A ressaca, porém, se vinga,

a quem não a souber dosar.

 

Uma só coisa eu desejo,

um só é meu querer:

ao Marujá eu almejo

voltar antes de morrer!

 

O SONHO

(13/08/15)

D-202

A caneta caiu

a luz se apagou

a realidade sumiu

o sonho começou

 

Um mundo perfeito,

em tudo e em todos a paz,

o ar puro, refeito,

vida que satisfaz!

 

Mas seus olhos se abriram,

o sol reapareceu,

as cores ressurgiram,

o sonho morreu,

o mundo voltou

ao que era antes.

 

Quando a caneta caiu, no caderno ele havia escrito:

“Tudo o que Minh' alma pediu

é ver um mundo bonito!”

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