quinta-feira, 30 de maio de 2013

POESIAS - NATUREZA 03

 

AS FLORES DO VASO

10/02/2013

D-27

As flores do vaso murcharam,

como as vidas daquelas pessoas.

O sol se pôs no horizonte,

como nos horizontes de suas vidas.

O uísque do copo acabou,

como o sangue em suas veias.

O árido deserto

tornou-se o paradigma

de suas vidas áridas e tristes...

 

O canteiro deles,

antes florido,

tornou-se domínio de espinhos e mato.

Entretanto,

como seres humanos,

sempre lhes resta uma esperança.

Vejo, em minha frente,

e muitas vezes também no espelho,

todos os arrancados,

ou que se arrancaram

do belo caminho

traçado por Deus.

 

A CHUVA FININHA

05/04/13

D-39

A poeira desistiu:

a chuva fina a aquietou.

Minha luta persistiu:

a graça divina me consolou.

O sol que até agora brilhara

timidamente se escondeu,

deixou-se ocultar pelas nuvens,

e o vento frio movimentou a poeira,

agora aquietada pela humilde chuvinha.

 

Meu olhar desligou-se da chuvinha

e estendeu-se às minhas labutas,

às minhas lutas,

às lides de minh'alma.

Verdadeira poeira de fantasias,

vento de ilusões,

agora acalmadas,

dissipadas,

transportadas pela graça de Deus.

Poeiras e vendavais da alma,

tempestades e furacões,

procelas e tormentas,

nada resiste à chuvinha fina,

humilde,

silenciosa,

despretensiosa,

da misericórdia divina.




ROSAS E VELAS

20/05/2013

D-40

As pétalas desfolhadas

das rosas

que eu pusera

no altar da minha vida,

caíram ao chão.

As velas enfeitadas

pelos projetos incríveis que eu fizera

em minha juventude tão bem vivida,

se apagaram no meu coração.

Quantos projetos!

Quanta esperança!

Quanta teimosia em viver!

Quanta luta inglória!

Quanto desejo de vitória!

Mas um vento gelado,

um iceberg de calúnia,

pôs tudo isso a perder.

 

As pétalas das rosas

ainda estão no chão...

Meu olhar, nelas perdido,

emudece meu coração.

Tomo, então, uma decisão:

vou colocar no altar outras rosas,

ainda mais formosas,

vou acender outras velas,

embora menos enfeitadas,

nunca igual às que se apagaram,

mas igualmente resplandecentes,

e vou reacender a minha vida!

 

A TEMPESTADE

(15/08/13)

D-46

O vento balança as árvores;

o forte zumbido

abafa todos os ruídos,

nada mais se ouve.

A cabana, forte, resiste à ventania,

e o fogo da lenha crepita no fogão.

O café quentinho me anima,

apesar do negro dia,

e a chuva forte cai.

 

Não muito longe,

um raio desintegra uma árvore,

barulho ensurdecedor,

solidão total!

Ninguém me pode encontrar.

Não há caminho.

Tudo alagado.

No alto de uma pequena montanha,

a cabana persiste,

incólume.

O lampião a gás

ilumina o cômodo em que estou,

e o rosário em que rezo,

é projetado na parede oposta.

Sinto-me maravilhado

com este cenário.

Tudo me arrebata

do mesmismo

e me faz divagar.

Vejo tudo isso

como retrato

do que se passa no meu interior!

A tempestade externa vai passar!

O sol vai voltar a brilhar!

O vento se tornará brisa suave,

o fogo da árvore destruída

foi apagado pela chuva,

os pássaros estão a cantar,

as estradas serão liberadas...

mas...

fico a pensar seriamente:

Quando irá passar

a tempestade do meu coração?

 

VÉSPER

 (03-11-13)

D-55

Estrela

que não é estrela!

Planeta Vênus,

estrela Vésper.

Olho-a no céu,

solitária,

mas sempre solidária:

guia dos nautas

dos astrônomos,

inspiradora dos poetas.

 

Luz que não é dela,

mas vem do sol!

Luz que clareia,

e se faz sentir!

 

Sou como um planeta,

sem luz própria.

Como um desses astros,

que recebe a luz do sol,

e assim pode iluminar,

recebo a luz de Deus,

que me fascina,

que me faz viver,

e me faz amar.

 

Como Vésper, quero iluminar,

ajudar,

amar,

partilhar,

sem nunca deixar

de ser iluminado,

de ser amado,

de ser partilhado.

 

ÁGUAS TRANQUILAS

 08/02/14

D-69

Águas tranquilas,

calor intenso,

mergulhei.

 

Um vulcão submerso

explodiu sem consenso,

quase me afoguei.

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