sexta-feira, 30 de agosto de 2013

POESIAS - SAUDADE, SOLIDÃO, SILÊNCIO 01

 

MOMENTO DE SOLIDÃO

14/05/1980

A-01

A folha seca desprendeu-se

 da árvore frondosa

e caiu,

solitária,

no orvalho da grama pisada...

 

Meu olhar

desprendeu-se da vida agitada

e prendeu-se na folha caída...

 

Sumiram de mim os ruídos do mundo,

fugiram de mim os sonhos malucos...

 

Entre as cores, as flores,

as orquídeas e as mariposas,

o útil e o fútil,

vislumbrados por meus olhos,

uma e apenas uma coisa,

naquele místico instante,

podia chamar-me a atenção:

 

Da solitária árvore frondosa,

a única folha seca,

caída no orvalho do chão.

 

SEMPRE EM MEU CORAÇÃO

27/11/2011

A-08

Sempre no coração

A tristeza dos passos perdidos,

A alegria dos gritos contidos,

Que nunca pudemos dar.

 

Sempre no coração,

As asas da liberdade

Se quebraram,

Se partiram,

Não voam mais.

 

Sempre no coração

“A alegria de um barco voltando

A ternura de mãos se encontrando”

São apenas sonhos,

Nada mais!

 

Sempre no coração

Os tambores de guerra,

Invadem a terra,

Dissipam as cores,

Secam as flores,

Desertam florestas.

 

Sempre no coração

As aves que gorjeavam

Não gorjeiam mais.

 

Sempre no coração

Só desilusões e amargura,

E nada mais!

 

INSÔNIA

11/12/2011

A-15

O sol se foi,

a noite chegou,

o dia findou,

a angústia começou,

a cama tem espinhos.

 

O insone se vira pra cá, pra lá,

conta carneirinhos,

que acabaram dormindo

ao lado da cerca que deveriam pular.

 

Seus olhos, abertos,

sentidos despertos,

Ruídos infernais.

 

Lá fora, pássaros dormem,

corujas crocitam (piam),

grilos o irritam,

sapos coaxam,

Nada de luar.

 

A noite caminha,

chega ao fim.

O dia desponta,

e quando, finalmente ele dorme,

o despertador dispara,

chamando-o ao trabalho.

 

BRINQUEDO ESQUECIDO

28/05/2012

A-20

Às vezes

parece que o mundo é um quadrado,

o sol um triângulo,

a lua uma estrela.

 

Ao tentar saborear

 os frutos do pomar

 plantados e cuidados por décadas,

eles apodrecem nas mãos!

 

Ao buscar outro alimento,

 de modo sofrido,

suado,

maltratado,

sob humilhações,

incompreensões,

iras,

invejas,

maledicências,

provações...

 

Deus nos alimenta.

Deus nos prova.

Testa nossa resistência.

 

Muitas vezes nos sentimos

“Como um pelicano no deserto” (Sl 102,7).

O que um pelicano faz no deserto?

Ele se alimenta de peixes!

É ave marítima!

 

Sta. Teresinha

queria ser uma bola de brinquedo

nas mãos do Menino Jesus,

para que ele brincasse à vontade,

e a jogasse para onde quisesse.

 

Jesus não é mais menino.

Não brinca mais com bolas.

Quando crescemos,

esquecemos nossos brinquedos no armário!

 

Somos talvez

como um antigo brinquedo esquecido.

Como um pedaço de pizza

sobrando no prato.

 

Entretanto, continuemos nosso caminho,

enquanto houver sol,

Enquanto houver caminho,

Enquanto houver esperança!

 

Espero com ardor

que os frutos do pomar

fiquem doces

e possamos desfrutar deles,

com Jesus,

ao lado da lareira do paraíso.



SUSSURRO

03/06/2012 –

A-384


A voz de Deus nos nossos ouvidos é apenas um leve sussurro,

mas tem a força de mil megatons...

A voz do mundo nos nossos ouvidos é um forte alarido

que nos ensurdece,

entristece,

escurece nossa vida,

desafina qualquer som.

 

Nossos passos lentos num caminho estreito

ainda esperam por uma decisão:

ou se alarga o caminho em que caminhamos,

ou alarguemos os limites do nosso coração!

O tempo passa, o tempo se acelera,

Nossos sonhos, um a um, pisados no chão.

Ao sentir-nos por Deus tanto amado,

as forças nos invadem,

nosso céu se ilumina,

o mundo se cala.

Alarguemos o caminho!

Escancaremos nosso coração!


O SILÊNCIO DA NOITE

– 17/06/2012

A-385

O silêncio da noite o agride,

grita-lhe no pensamento o que ele fora outrora,

o que passou,

o que fizeram dele,

o que ele será,

o que ele não poderá ser.

 

O silêncio da noite o envolve,

o fascina,

o aglutina,

faz com que ele vibre,

faz com que ele reze,

faz com que ele viva.

 

O silêncio da noite o faz ver

o negror das flores,

o sumiço das cores,

o céu estrelado,

o nada enluarado.

 

O silêncio da noite o vislumbra,

projeta-lhe nos olhos

a presença de Deus,

seu último adeus,

seus sonhos bonitos,

que viraram pesadelo.

 

No silêncio da noite a lua, tão bela,

torna-se amarela,

por um eclipse.

As nuvens chegaram,

as estrelas sumiram.

 

O silêncio da noite

acompanha lentamente

o ruído inaudível

de suas lágrimas caindo...

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