sexta-feira, 30 de agosto de 2013

POESIAS - SAUDADE, SOLIDÃO, SILÊNCIO 05

 

ÁGUAS PASSADAS

(15/02/15)

A-155

Águas passadas

não movem moinho;

filhotes já com asas

não voltam ao seu ninho;

mas eu insisto em pensar

no que me fez chorar...

 

O passado já não existe!

Já foi, já era, acabou!

O meu, porém, insiste,

quer ele retornar

ao mesmo banco que me deixou

 

Não posso esquecer-te,

não quero de ti me afastar!

Poderia, talvez, deter-te!

Mas prefiro continuar a sonhar

com tudo o que fizeste por mim

naquele banco de jardim!

 

O EREMITA: ALEGRIA E TRISTEZA

(08/04/15)

A-169

Alegria imensa

de se saber amado por Deus,

tristeza intensa

pelos pecados que cometeu,

assim é aquele eremita,

assim são todos os demais

que têm a ala aflita

por amarem cada vez mais

a Deus, e à sua graça bendita!

 

Sua vida é oração,

agradecimento e caridade.

O amor é sua opção,

sua regra é a bondade.

Seu mentor é o coração,

seu caminho é a lealdade!

 

Reza por tudo e por todos,

pensa no rico e no pobre:

para o rico deixar seus engodos,

e o pobre ter vida nobre.

 

Muitos o chamam de louco,

muitos o chamam de santo

nessa vida tão bendita.

 

Mas para viver esse tanto,

o nosso querido eremita

de ambos tem um pouco!

 

MEUS PAIS

(03/05/15)

A-180

Com o leite materno,

dádiva do Eterno,

fui alimentado.

 

Meus pais, operários,

apenas dois mínimos salários,

por eles fui criado.

 

A infância, sofrida,

a juventude dolorida,

me calejaram.

 

Muita bondade,

muita generosidade,

meus pais me legaram!

 

Um bolo à tarde,

sem muito alarde,

meus pais assavam.

 

As visitas constantes,

algumas até maçantes,

o bolo elas aprovavam.

 

Os natais concorridos,

presentes garantidos,

os doces não faltavam!

 

O abono do fim de ano,

o 13º ainda era um plano,

comigo eles gastavam!

 

Nascidos meus irmãos,

com dor no coração,

com eles eu dividia!

 

Agora, já idoso,

fico muito choroso,

quando vejo a tumba fria!

 

Lá estão os meus pais,

eu não os vejo mais,

a saudade me angustia!

 

Mas eu os verei no paraíso,

no meu rosto, um sorriso,

encho-me de alegria!

 

ADÁGIO

(06/06/15)

A-189

(baseada no Adágio de Albinoni. Para ouvi-la, clique aqui: https://youtu.be/ye5JlhAyYhg

 

Sublime enlevo da orquestra,

em que se destacam o órgão e o violino!

No início, a harmonia atesta

que a música é algo de divino!

 

A dado momento, porém,

o violino se sobressai,

seguido pelo órgão também

que o contesta e o retrai

 

O violino, sem desanimar,

continua a sua subida,

seu som se eleva no ar,

a vida, ele a torna florida!

 

O órgão, mais sério,

o acompanha e o tenta inibir,

envolto num mistério,

com que ele quer subir.

 

Ambos chegam a um consenso

e a orquestra os sustenta;

o som harmônico é intenso,

é a poesia que o alimenta”!

 

No final, quase um sussurro,

o adágio cumpriu sua missão:

Tirar nossa mágoa do escuro,

e massagear nosso coração!

 

A PAZ

(18/06/15)

A-191

A paz que me envolve e acalma,

não vem da inércia negativa,

mas procede da luta da alma

contra o mal e suas investidas

 

É luta que refresca e anima,

é paz que me leva a Jesus,

que me envolve e encaminha pra cima,

nos acompanha na cruz!

 

Não estou só. Sempre comigo

estão todos os por mim amados,

aos que sempre dou abrigo,

no meu coração apaziguado.

 

A paz que me envolve e acalma

é fruto da graça de Deus.

Eu não mereço ganhar essa “palma”!

Não vem dos méritos meus

 

Você que me lê e medita,

também nela pode estar!

A paz, para uma alma aflita,

provém de orar, vigiar, amar!

 

A SOLIDÃO DO CORAÇÃO

(21/08/15)

A-204

A solidão apavora,

devora,

deprime!

 

A solidão só não apavora

quando a sede que devora

se sacia no sublime!

 

Meu coração chora,

ao Senhor implora,

de tudo se redime!

 

Na solidão busco abrigo,

ninguém comigo,

a não ser o Altíssimo!

 

Sou sacerdote dele,

permaneço nele,

amor tão caríssimo!

 

Tudo me some de vista,

ele me reconquista

a cada instante!

 

Tudo o mais é secundário,

quando, diante do sacrário,

nada há que mais me encante!

 

No silêncio do meu nada,

sigo a minha estrada

em sua presença operante!

Nenhum comentário:

Postar um comentário