ÁGUAS PASSADAS
(15/02/15)
A-155
Águas passadas
não movem moinho;
filhotes já com asas
não voltam ao seu ninho;
mas eu insisto em pensar
no que me fez chorar...
O passado já não existe!
Já foi, já era, acabou!
O meu, porém, insiste,
quer ele retornar
ao mesmo banco que me deixou
Não posso esquecer-te,
não quero de ti me afastar!
Poderia, talvez, deter-te!
Mas prefiro continuar a sonhar
com tudo o que fizeste por mim
naquele banco de jardim!
O EREMITA: ALEGRIA E TRISTEZA
(08/04/15)
A-169
Alegria imensa
de se saber amado por Deus,
tristeza intensa
pelos pecados que cometeu,
assim é aquele eremita,
assim são todos os demais
que têm a ala aflita
por amarem cada vez mais
a Deus, e à sua graça bendita!
Sua vida é oração,
agradecimento e caridade.
O amor é sua opção,
sua regra é a bondade.
Seu mentor é o coração,
seu caminho é a lealdade!
Reza por tudo e por todos,
pensa no rico e no pobre:
para o rico deixar seus engodos,
e o pobre ter vida nobre.
Muitos o chamam de louco,
muitos o chamam de santo
nessa vida tão bendita.
Mas para viver esse tanto,
o nosso querido eremita
de ambos tem um pouco!
MEUS PAIS
(03/05/15)
A-180
Com o leite materno,
dádiva do Eterno,
fui alimentado.
Meus pais, operários,
apenas dois mínimos salários,
por eles fui criado.
A infância, sofrida,
a juventude dolorida,
me calejaram.
Muita bondade,
muita generosidade,
meus pais me legaram!
Um bolo à tarde,
sem muito alarde,
meus pais assavam.
As visitas constantes,
algumas até maçantes,
o bolo elas aprovavam.
Os natais concorridos,
presentes garantidos,
os doces não faltavam!
O abono do fim de ano,
o 13º ainda era um plano,
comigo eles gastavam!
Nascidos meus irmãos,
com dor no coração,
com eles eu dividia!
Agora, já idoso,
fico muito choroso,
quando vejo a tumba fria!
Lá estão os meus pais,
eu não os vejo mais,
a saudade me angustia!
Mas eu os verei no paraíso,
no meu rosto, um sorriso,
encho-me de alegria!
ADÁGIO
(06/06/15)
A-189
(baseada no Adágio de Albinoni. Para ouvi-la, clique aqui: https://youtu.be/ye5JlhAyYhg
Sublime enlevo da orquestra,
em que se destacam o órgão e o violino!
No início, a harmonia atesta
que a música é algo de divino!
A dado momento, porém,
o violino se sobressai,
seguido pelo órgão também
que o contesta e o retrai
O violino, sem desanimar,
continua a sua subida,
seu som se eleva no ar,
a vida, ele a torna florida!
O órgão, mais sério,
o acompanha e o tenta inibir,
envolto num mistério,
com que ele quer subir.
Ambos chegam a um consenso
e a orquestra os sustenta;
o som harmônico é intenso,
é a poesia que o alimenta”!
No final, quase um sussurro,
o adágio cumpriu sua missão:
Tirar nossa mágoa do escuro,
e massagear nosso coração!
A PAZ
(18/06/15)
A-191
A paz que me envolve e acalma,
não vem da inércia negativa,
mas procede da luta da alma
contra o mal e suas investidas
É luta que refresca e anima,
é paz que me leva a Jesus,
que me envolve e encaminha pra cima,
nos acompanha na cruz!
Não estou só. Sempre comigo
estão todos os por mim amados,
aos que sempre dou abrigo,
no meu coração apaziguado.
A paz que me envolve e acalma
é fruto da graça de Deus.
Eu não mereço ganhar essa “palma”!
Não vem dos méritos meus
Você que me lê e medita,
também nela pode estar!
A paz, para uma alma aflita,
provém de orar, vigiar, amar!
A SOLIDÃO DO CORAÇÃO
(21/08/15)
A-204
A solidão apavora,
devora,
deprime!
A solidão só não apavora
quando a sede que devora
se sacia no sublime!
Meu coração chora,
ao Senhor implora,
de tudo se redime!
Na solidão busco abrigo,
ninguém comigo,
a não ser o Altíssimo!
Sou sacerdote dele,
permaneço nele,
amor tão caríssimo!
Tudo me some de vista,
ele me reconquista
a cada instante!
Tudo o mais é secundário,
quando, diante do sacrário,
nada há que mais me encante!
No silêncio do meu nada,
sigo a minha estrada
em sua presença operante!
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