sexta-feira, 30 de agosto de 2013

POESIAS - SAUDADE, SOLIDÃO, SILÊNCIO 06

 

QUASE SEM RIMAS

(01/09/15)

A-209

O vento que me acaricia a face

leva consigo minhas tensões...

Sinto-me caminhando nas nuvens,

Deus me envolve totalmente.

 

A tarde amena, quase no final,

sacia minha sede de amor,

me une a esse Deus tão maternal,

que me ama com ardor.

 

Abandono o passado, ignoro o futuro,

tudo o que eu vejo é o agora salutar.

A alegria toma conta do meu íntimo,

mas não a quero revelar!

 

Quero capturá-la qual perfume,

com ela untar todo o meu corpo,

lubrificar as dobradiças de minha mente,

massagear o coração!

 

Meu universo se abre à minha frente,

muito maior que o pátio em que estou.

Vejo-me sozinho em meio a tanta gente,

como eremita, a quem nada mais restou!

 

Minha solidão me faz feliz,

porque nunca estou sozinho!

“Estou contigo!” - Deus me diz,

e a vocês todos, eu os encontro pelo caminho!

 

O DESERTO VERDADEIRO

04/12/15-

A-237

Dos desertos que já fiz

de dois deles não me esqueço:

fizeram-me feliz,

e isso não tem preço!

 

Um deles foi no Saara,

numa abadia emergida

da arreia, coisa tão rara,

que solidão tão querida!

 

Areia, calor e suor,

bisturis que me dissecaram,

fazendo aflorar todo o amor

que os mistérios de Deus me mostraram

 

O outro foi numa praia,

sem casas, sem gente, sem nada,

só mato, areia e uma arraia

sem vida, ali mesmo deixada.

 

A sensação foi igual

à que tive lá no deserto!

Areia ou mar, tudo é sinal

de que Deus está tão perto!

 

No deserto, solidão silenciosa,

no oceano, solidão barulhenta.

Ambas são capciosas,

a quietude me alimenta!

 

Mas o deserto do dia a dia

a dizer sou o primeiro:

não traz nenhuma poesia,

mas é o deserto verdadeiro!


JÁ SINTO SAUDADES

19/12/15-

A-243

Olho ao redor e já sinto saudades

da vida tão simples que aqui eu vivi,

no anonimato e na simplicidade,

e das muitas graças que aqui recebi.

 

Daqui me retiro com muita esperança,

volto à cidade onde cresci!

Muitas das coisas já me vêm à lembrança,

os desígnios divinos, nunca os entendi!

 

Só peço a Deus, pela Virgem Maria,

poder recomeçar meu itinerário,

com santidade e com muita alegria,

da messe divina, fiel operário.

 

Mais alguns meses e me mudo daqui,

Mas o amor de Jesus, eu nunca esqueci.

 

O OCASO E A EUCARISTIA

09/02/16

A-252

Como o ouro quase tão pura,

a areia do deserto ao sol brilhava;

o irmão Carlos, tão simples criatura,

em Assekrem, vendo o ocaso, meditava!

 

No mundo quase não há pôr-do-sol

como em Assekrem, tão lindo!

Ele funciona como um farol

que mostra de Deus, o amor infindo!

 

Deixando, porém, esse ocaso maravilhoso,

o Irmão Carlos, com muita alegria,

encontrava seu momento mais saboroso

na adoração constante da Eucaristia.

 

Meu Deus, criastes tudo o que existe!

Vistosos e ricos elementos!

Mas o bem mais precioso consiste

no Santíssimo Sacramento!

 

DONA ALEGRIA

29/02/16

A-258

Seja bem vinda, dona alegria,

a este meu triste coração!

Exerça em mim sua magia,

faça de mim seu pobre irmão!

 

O mundo me causa tristeza,

o egoísmo me faz sofrer!

Tira do ser humano a beleza,

impede-nos qualquer renascer!

 

Que sua presença, dona alegria,

nos leve a amar o irmão,

envolva a todos de euforia,

a todos dê um novo coração!


FICAR À TOA

06/03/16

A-259

A vida, intensa correria,

fazer nada...nem pensar!

Mas sempre chega aquele dia

em que nos obrigam a parar!

 

A angústia me reveste o coração,

o tempo se recusa a passar!

Onde colocar as mãos?

O que fazer? Não posso parar!

 

Jesus me fez dar uma brecada,

paro, no tempo e no espaço.

Tento descobrir aqui suas pegadas,

acomodo-me em seu regaço.

 

Dificulta-me contemplar

quão terrível é o deserto!

Um imenso espelho em que nos mirar,

torno-me nele um livro aberto!

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