SILÊNCIO DA INSÔNIA
(11/07/14)
A-111
Insônia.
O silêncio da madrugada
dói-me nos ouvidos.
O barulho dos meus pensamentos
dói-me no meu coração!
DESLIGO TUDO
(11/07/14)
A-112
Desligo o rádio,
a tevê,
o computador,
desligo o fogão,
o mundo,
o ventilador!
Desligo o telefone fixo,
o celular,
a campainha,
o despertador!
Duas coisas, entretanto,
permanecem ligadas:
o meu incessante pensamento
e o meu grande amor por você,
N.!
(põe o nome da pessoa. Na poesia original, pus o nome de Jesus).
SAUDADES DE TI, MÃE!
31/08/14
A-124
As horas passam lentamente,
as lembranças rapidamente.
O trem que te levava
parou na estação.
Catorze anos atrás,
parou lá meu coração,
meu amor mais veraz!
Mãe, o teu trem parou!
O meu continuou,
às vezes descarrilando,
às vezes quase parando,
que saudades!
Teu afeto materno,
semelhante ao do Eterno,
cobria os meus pés
nos dias de inverno,
no sofá da sala,
quando eu te visitava.
Tua lembrança persiste,
parada no tempo, no espaço;
o meu coração resiste
às intempéries do tempo.
Quanto tenho a relembrar!
Mar só uma tem lugar!
Por tuas mãos envelhecidas,
o cobertor colocado,
nas minhas pernas estendidas,
no sofá daquele lar,
lar tão amado!
A TRAVESSIA
20/10/2014
A-130
Mão na mão,
coração com coração,
atravessei a rua
com minha mãe querida!
Os carros, parados,
esperavam, ansiosos,
que acabássemos a travessia,
e eu, orgulhoso como qual,
importante me sentia.
Os anos passaram,
minha mão (MÃO) está sozinha,
não tem mais em que se amparar!
Os carros não mais param
em respeito à minha mãezinha,
não consigo atravessar!
Quando tudo parecia perdido,
os carros não paravam,
as mentes me zombavam,
os cães me latiam,
grunhindo sarcasmos,
descobri no meu bolso
um apito antigo
presenteado pela mamãe,
para eu usar na solidão:
nele estava escrito:
“Recorra à oração!”
Apitei!
Os carros pararam.
Eu passei!
MINHA SOLIDÃO
23/10/2014
A-133
Amigos!
Minha solidão,
eu a busco
não por misantropia,
não por utopia!
Eu a busco, creiam todos,
para encontrar-me com Deus!
Amigos de meu bem-querer,
a solidão que eu procuro
não é, como diz Epicuro,
a busca do prazer!
A solidão desejada
não é a simplesmente amada,
não é solidão forçada,
mas a procurada por amor!
Sozinho com Deus,
coloco-me em suas mãos
com toda a disposição
de fazer o que Ele quer!
Sinceramente eu lhes digo,
minha amiga, meu amigo,
Deus “fala” comigo
e pede-me o meu coração!
Eu sei, entretanto,
que o meu coração,
por Ele desejado,
não é um coração isolado,
um coração egoísta.
Deus deseja um coração
que não venha sozinho,
mas com as flores e os espinhos
dos corações que eu amo!
Na solidão de minha cela
sinto os raios e a procela
que vejo, no mar da vida,
do amor nela inserida
que dou e recebo dos irmãos.
Solidão não é uma fuga,
nem corrida para o pódio,
não é gana, não é ódio.
A verdadeira solidão
é uma tática do coração,
uma pausa na escuridão,
para que a luz divina do amor
aos amigos e inimigos
possa brilhar na imensidão!
A CASTIDADE
06/11/2014
A-136
Lírios, sim,
mas plantados, um a um,
num canteiro de espinhos!
Lírios, sim,
mas envoltos, um a um,
num laço de carinho!
Às vezes me pergunto:
“Por que escolhi esse caminho?”
Às vezes me dizem
que vivo em louco destino!
A pureza dos lírios
sobe até o paraíso!
A rudeza dos espinhos
às vezes me rouba o sorriso!
A paz que me envolve sobremaneira,
a simplicidade que me chega sorrateira,
como o dia radiante,
após a noite hesitante!
Artigos em profusão
atacam essa virtude!
Não conhecem a unção,
a alegria, a beleza, a atitude
da pureza de coração!
A brisa roça no meu rosto,
no sol quase posto.
Ergo aos céus minha alma,
sinto em mim muita calma,
agradeço a Jesus
tanta paz,
tanta luz!
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