segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

JESUS CÁRITAS (JESUS AMOR)



Essas duas palavras, “Jesus-Cáritas”, que significa “Jesus-Amor”, eram usadas por São Carlos de Foucauld, o “Irmão Carlos”.(1858 -1916). Tinha sido alcoólatra, mulherengo e milionário, mas renunciou a tudo para viver no deserto do Saara, com o povo tuaregue.

Nunca entenderemos verdadeiramente quão grande e terno é o amor de Jesus por nós. Esse seu amor, diz o Zé, faz as grades da prisão ou outros sofrimentos parecerem nada! Procuremos entender “Qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade do conhecimento do amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento” (Ef. 3,17-19).

Esse amor de Jesus é mostrado no Evangelho em várias ocasiões e com várias pessoas diferentes. Com Judas, por exemplo. Jesus, traído, lavou os pés do seu traidor! (João 13,5). Judas poderia ter aproveitado o momento para voltar atrás e pedir perdão. O papa João Paulo I disse a esse respeito, que, enquanto o bom ladrão (São Dimas) obtinha o perdão de tudo o que fizera e entrava no céu, nesse mesmo tempo, Judas se enforcava por causa do desespero.

A santidade e o poder de Jesus foram sentidos pela mulher que sofria de hemorragia, ao tocar em suas vestes (Lc 8, 40), por São Pedro em Lc 5,8: “Afasta-te de mim, Senhor, que sou um homem pecador”, por Dimas “Lembra-te de mim quando estiveres em teu reino” (Lc 23, 42-43) e por tantos outros. Não teriam sido sentidos também por Judas, ao beijar Jesus? “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” (Lc 22, 48). Judas não confiou em Jesus como Pedro, que pediu perdão e foi perdoado: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo” (João 21,17). Pedro, noutra ocasião, recusou-se a abandonar Jesus, ele e os demais apóstolos. Desta vez, Judas ainda acreditava que poderia ser feliz sendo apóstolo: “Simão Pedro respondeu a Jesus: ‘Senhor, a quem iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e conhecemos que tu és o santo de Deus’” (João 6, 70).

Esses santos, como nós, lutavam submetidos a duas forças: uma que os elevava ao paraíso, mas outra que os rebaixava à materialidade, ao pecado. E como diz Rom 7, 23-25: “Pela razão eu sirvo à lei de Deus, mas pelos instintos egoístas, sirvo à lei do pecado. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (v. 19).

“Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavra de vida eterna!” E digo com o salmista (Salmo 27, 4):

Em Hebreus 12, 4 é-nos aconselhado a reagir, mudar de vida, lutar até o “derramamento de sangue”, se for preciso, para vencer o pecado (Hb 12, 4). Como esse versículo incomoda! Ser tíbio, disse Jesus a Santa Faustina, é “permanecer na ilusão de que estamos no caminho certo, pecando e se confessando, sem uma mudança real de vida”. É como o doente que finge a si mesmo que é sadio e, assim, nunca procura o médico. É, aliás, o que sentiam os fariseus, tão criticados por Jesus.

Só com a oração e uma rígida vigilância é que conseguimos vencer a tibieza e não ofendemos a Jesus de maneira alguma. Jesus se queixa a Santa Faustina que nós o recebemos de manhã, na comunhão, mas à tarde já o ofendemos!

Vejo São Dimas, “o bom ladrão”, como um exemplo de como devemos “saborear” de corpo e alma a salvação oferecida a nós pelo coração misericordioso de Jesus. Eu acho que ele era um menor abandonado, que nunca teve o amor materno ou paterno. Precisou roubar para viver e acabou se acostumando a essa vida. Mas encontrou Jesus no final da sua vida e não deixou escapar a oportunidade (Lc 23, 39-43). O que deve ter impressionado Dimas, que reconheceu os próprios pecados e testemunhou que achava aquele homem (Jesus) inocente, foi o perdão que Jesus pediu para os seus algozes: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23, 34). Se Dimas tivesse se encontrado com Jesus antes, talvez fosse o 13° apóstolo. Muitos, na prisão, como Dimas, nunca tiveram a mão materna que lhes acariciasse, ou mesmo nunca sentiram a ternura e o acalanto da mão de Deus!

Nós temos a oportunidade de nos encontrar com Jesus no decorrer de nossas vidas. Muitas pessoas têm oportunidade, mas não se convertem, e até pioram! Entretanto, há outros que, aproveitando o fato de serem como que “os prediletos de Jesus”, por causa dos sofrimentos, abraçam essa oportunidade de redenção, purificação e “unção”. Eles são “ungidos”, em seu sofrimento, para uma nova vida, vida de alegre convívio com os que lutam por uma vida de santidade junto a Deus, uma vida nova de seres criados “à imagem e semelhança de Deus”. Todos, se quisermos, podemos viver com Jesus para sempre!

Muitas besteiras ou idiotices que as pessoas falam e fazem ou fizeram em seu passado, não são maldosas; são como “armaduras de aço”, que colocam para se protegerem dos perigos e para não deixarem que o amor os comprometa com a beleza de uma vida diferente, que não conhecem, ou até acham impossível, e por isso sentem diante dela uma total insegurança. É assim que eu entendo o porquê de sua insistência na “malandragem”.

Houve casos, numa prisão, anos atrás, de pessoas que cortaram a cabeça do outro colega de prisão e jogaram futebol com ela. Como entender tamanha selvageria? É de se perguntar se um dia podemos colher algum bom fruto se fizermos algum trabalho com eles. Mas... podemos tirar frutos até dos espinheiros! O “figo da Índia”, fruto do cacto, é saboroso, mas tem muitos espinhos! Se tivermos paciência de tirar a casca cheia de espinhos conseguiremos saborear o fruto. E como tem sementes! Essas sementes podem, se plantadas, da outros bons frutos. Infelizmente a sociedade só vê os espinhos e não procura a parte boa desses frutos. Se conseguirmos mostrar a eles a misericórdia do Coração de Jesus, na certa mudariam. Jesus é todo misericórdia e bondade!

Precisamos todos dizer, todos os que sofrem, como São Dimas, “o bom ladrão”: “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino”. E Jesus, percebendo nossa sinceridade, nossos corações tão mal tratados e desprezados, tão humilhados e sofridos, nos acolherá e nos dirá como ao bom ladrão: “Em verdade eu te digo que (hoje mesmo) estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43). Jesus pode, também, nos dizer como à mulher adúltera: “Eu também não te condeno; podes ir, e não peques mais” (João 8,3-11). Ou, ainda, como disse ao paralítico: “Teus pecados estão perdoados” (Mt, 9,2). Ou nos garantirá, como garantiu à pecadora, em Lc 7,47: “Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor”.

Ao apelarmos para a misericórdia de Jesus, estamos, na verdade, apelando, hoje, para aquele que será nosso juiz no julgamento final. É como diz Santa Teresinha: “Sou como uma lebre que, para fugir dos cães que a perseguem, refugia-se, esperançosa, esperando ser bem cuidada, nos braços do caçador, dono dos cães”.

Sejamos como um perfume deixado em nós por Jesus, na comunhão, e perfumemos os demais. Consolados por Jesus, podemos também consolar os demais, como nos garante 2ª Cor 1,3-5.

Muitos não têm, infelizmente, ajuda psicológica e de reeducação, de que precisam. Por isso, têm de recorrer à oração, à paciência, à amizade, ao perdão e à misericórdia! É preciso deixar-se amar por Jesus! Ele nos amou primeiro, antes que existíssemos (Jer 1,5 e 1a João 4,19).

Deixemos Jesus entrar em nossa vida! Ele bate à porta. Se o deixarmos entrar, Ele irá entrar em nossa casa e jantará conosco, e nós com Ele. É a comunhão íntima e perfeita entre corpo, alma e divindade (Apoc 3,20): “Eis que bato à porta. Quem me ouvir e abrir para mim a porta, eu entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”.


Jesus nos convida a nos colocarmos sob sua proteção: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do fardo e eu vos aliviarei” (Mateus 11,28). E Frei Carlos Mesters nos diz: “Deus é um Pai que nos ama com um coração de mãe”.

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