quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

POESIAS - ESPERANÇA, ENVELHECIMENTO 03

 

O FIO DOURADO

(SET 2013)

G-51

Chuva fina,

persistente,

tanto lá fora,

como no meu coração...

Tramas sem fim de fios,

querendo levar-me

a lugares diversos,

alienados,

a caminhos dispersos,

a lugar algum,

à morte eterna.

Fios embaraçados,

na tarde triste, chuvosa,

misturados,

conflitantes.

 

De repente,

como que uma vertigem,

vinda do céu,

me envolveu,

me iluminou,

e os fios desapareceram!

Uma certeza profunda

tomou conta de mim,

deu-me a certeza,

trouxe-me a paz!

Superei-me,

dominei-me,

canalizei-me,

fui iluminado!

E descobri um fio dourado,

apenas um fio dourado,

solitário,

ligando-me ao céu,

ligando-me a Deus,

à luta vitoriosa,

à paz gostosa!

Todos os demais sumiram!

Passarei pelos conflitos

com a luz da graça de Deus,

com o amor aos irmãos,

com o prazer da oração,

como se passa por cães amarrados,

que latem,

mas nada podem fazer.

 

Outros fios poeirentos e nojentos,

irão grudar-se ao fio dourado,

para ocultá-lo...

mas ele sempre reluzirá,

majestoso,

irradiante,

indicando-me o verdadeiro caminho,

iluminando-me o caminho do céu!

 

A chuva persiste,

o fio dourado resiste,

já não chove no meu coração...

 

ESCADAS

06/10/13

G-53

Escada cinzenta que desce,

pachorrenta,

embolorada,

cheia de trancas,

de alavancas quebradas,

pesos inertes,

sem que possam ser movidos.

 

No último degrau,

o porão.

Escuro.

Ainda imaturo.

Claustrofóbico,

microscópico para ver,

mas gigante para doer:

tudo confuso,

embaralhado,

embaraçado,

sem o fio da meada,

sem nenhuma entrada.

 

Evito essa escada,

vejo outra mais bela,

colorida como aquarela,

convidando-me a subir,

a subir para o céu,

para a luz,

para a felicidade.

 

No primeiro degrau, a surpresa:

o ingresso para subir,

se encontra no mais profundo

daquele tétrico porão!

 

BOM DIA, ALEGRIA!

04/01/2014

G-60

Na última esquina da vida

que dobrei,

encontrei-me com a alegria.

Disse-lhe “bom dia”

e ela me respondeu,

me acolheu,

me fez sorrir,

e pegou carona no meu coração.

 

O mundo transformou-se,

diante de mim,

e mostrou-me tudo

o que eu já vira antes,

de modo surpreendente,

diferente,

com a leveza da pluma,

como o sorriso infantil,

como a aurora primaveril.

 

Com a alegria no coração

A tristeza sumiu,

E um grande amor

a tudo e a todos,

logo surgiu,

tomou posse de mim,

mostrou-me o caminho a seguir,

indicou-me um caminho florido,

risonho,

fácil de enfrentar.

A alegria mostrou-me seus filhos:

Perdão, partilha, sinceridade,

E estar sempre a servir!

 

RESPINGOS

19/01/14

G-62

  As alegrias que às vezes sinto,

são inefáveis, não minto,

são vindas do paraíso!

São respingos de felicidade,

gotas de orvalho celeste,

pétalas das flores etéreas,

que Jesus desfolha,

nos recantos infinitos,

quando rega as rosas

que Teresinha plantou.

 

Meu amor pulsa forte,

mais intenso que a morte,

minha vida sorri!

Um enlevo divino,

mais suave que um violino,

me leva daqui

nas asas do anjo

que me guarda e protege.

Meus pecados,

Por Deus atirados

No mar mais profundo,

como diz Miqueias (Mq 7,19).

 

Meu corpo está aqui,

neste lúgubre lugar,

neste falso patamar,

nesta triste condição.

 

Meu pensamento, entretanto,

nas asas do anjo,

me leva ao céu,

ao próprio jardim.

Onde ainda, regando,

Jesus me sorri:

As pétalas da alegria

originam outra rosa,

majestosa,

perfumosa,

e o meu anjo, sorrindo,

a entrega a mim:

“Esta rosa é a esperança

Provinda das alegrias

que saem deste jardim!”

Mas antes de recebê-las,

passe, com toda a confiança,

pelos espinhos da cruz! 

 

MEU VASO QUEBROU.

 12/02/14

G-65

Vaso quebrado,

cacos...

...uma cola os juntou...

as cicatrizes permaneceram

e para sempre!

 

Minha vida quebrada,

cacos...


RUÍDOS

08/02/14

G-66

 Ouço ao longe

vozes abafadas,

conhecimentos inúmeros,

coisas passadas,

apresso meus passos,

agito meus braços,

mas não os alcanço:

fugiram de mim!

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