quarta-feira, 20 de abril de 2016

A HORA DE DEUS

04/01/14 – 

Assim chamamos ao tempo que Deus nos chama à conversão e a uma vida mais santa. Pode demorar um instante ou um período mais demorado.
Esse chamado de Deus pode dar-se dentro da vocação que estamos seguindo, ou o convite a uma nova vocação.

São Paulo teve apenas alguns minutos para decidir-se, quando Deus o chamou no caminho a Damasco. Ele ouviu e atendeu ao chamado.

Zaqueu tinha subido a uma árvore e quase caiu de susto quando Jesus o chamou. Também ele atendeu ao convite de Jesus.

O jovem rico recebeu o convite de forma bem precisa, mas o recusou. O outro, que disse precisar primeiro enterrar o pai (ou seja, esperar que o pai morresse), não atendeu ao convite que Jesus lhe fizera para ser Apóstolo.

O ladrão, São Dimas, recebeu o convite na hora da morte, e ouviu Jesus, o acolheu e o aceitou plenamente. O ouro ladrão não aceitou.


Herodes recebeu o convite pelo testemunho dos magos e pelas escrituras, mas não o aceitou.

Há uma música do grupo Emaús que diz: “Então Deus vem, de modo que eu nunca imaginei; creio em Ti, crês em mim, Deus sempre esteve perto de mim!” De fato, Deus nos faz o convite à conversão, ao seu amor pleno, em momentos por vezes inesperados, em que talvez não o percebemos com nitidez.

Uma das maneiras de percebermos essa “abordagem” de Deus, talvez seja pela oração e o silêncio. Poucos hoje em dia “curtem” o silêncio! Peçamos sempre a ele que percebamos seu convite de amor!

Muitos notam a presença de Deus num fato alegre; outros, notam-na num fato desconfortável, como a doença, um acidente, uma perda.

Dizem que Martinho Lutero converteu-se quando um seu amigo foi fulminado por um raio, quando caminhavam juntos. Tornou-se monge agostiniano. Entretanto, diante de obstáculos no relacionamento com a Igreja, ou mesmo por ter escolhido a vida religiosa apenas por medo e não por vocação, “abandonou o barco” e não confiou na ação divina na história, como por exemplo São Francisco de Assis.

Este santo teve problemas semelhantes no relacionamento com as autoridades da Igreja, mas sua atitude foi positiva, embora no momento parecesse negativa: desnudou-se (no sentido real da palavra) e “vestiu-se” de Cristo pobre e misericordioso. Venceu os obstáculos não “abandonando o barco”, mas usando o barco pobre da vida religiosa autêntica, num testemunho vibrante.

Ele sempre dizia: ”Devemos pregar sempre o Evangelho e, quando necessário, também com as palavras”. Carlos de Foucauld, seiscentos e poucos anos depois, disse a mesma coisa, só mudando as palavras: “Devemos gritar (e não apenas proclamar) o Evangelho com a vida” (e não apenas com as palavras).

Deus usa os meios que estão mais disponíveis na vocação seguida pela pessoa. Santo Agostinho, por exemplo, recebeu o convite de Deus no assunto que mais amava: a oratória.

Os magos, como já disse, receberam o convite de Deus na astrologia que estudavam e com a qual sempre estavam em contato.

S. Paulo, no caminho de uma perseguição.

Zaqueu, no que fazia de melhor: comer bem.

Jeremias, na ideia maluca de que deveria ser abortado (Jeremias 20,7s). Em Jeremias 1,4s, Deus lhe lembra que o amava e o chamara já antes dele ter nascido, quando ainda estava se formando no seio materno.
Jonas recebeu o convite quando aguardava “de camarote” a destruição de Nínive.

São Francisco Borja converteu-se quando viu a rainha sua protetora, uma das mais formosas mulheres de seu tempo, exalando cheiro horrível de podridão e putrefação no caixão em que ia ser enterrada.

S. Vicente de Paulo teve a sua “hora de Deus” quando fez sua mudança de uma paróquia para outra: percebeu quanta coisa tinha de supérfluo! E mudou de vida.

O beato Carlos de Foucauld percebeu a hora de Deus quando se enfastiou das festas e orgias que promovia.

Eu procurei saber qual foi a hora de Deus em minha vida, e acho que a encontrei. Entretanto, percebi quantas delas deixei passar em branco e o quanto Deus foi paciente em esperar até agora.

E você, caro amigo, cara amiga? Lembre-se de que, como diz o Pe. Fernando Cardoso, Deus se deixa frustrar às vezes, mas não se deixa frustrar indefinidamente!


Meditemos sempre sobre a hora de Deus em nossa vida, e não a deixemos passar em branco! Sabe de uma coisa? Pode ser que a hora de Deus em sua vida tenha sido a leitura deste singelo, pobre e despretensioso artigo! Já pensou nisso?

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