04/01/14 –
Assim chamamos ao tempo
que Deus nos chama à conversão e a uma vida mais santa. Pode demorar um instante
ou um período mais demorado.
Esse chamado de Deus pode
dar-se dentro da vocação que estamos seguindo, ou o convite a uma nova vocação.
São Paulo teve apenas
alguns minutos para decidir-se, quando Deus o chamou no caminho a Damasco. Ele
ouviu e atendeu ao chamado.
Zaqueu tinha subido a uma
árvore e quase caiu de susto quando Jesus o chamou. Também ele atendeu ao
convite de Jesus.
O jovem rico recebeu o
convite de forma bem precisa, mas o recusou. O outro, que disse precisar
primeiro enterrar o pai (ou seja, esperar que o pai morresse), não atendeu ao
convite que Jesus lhe fizera para ser Apóstolo.
O ladrão, São Dimas,
recebeu o convite na hora da morte, e ouviu Jesus, o acolheu e o aceitou
plenamente. O ouro ladrão não aceitou.
Herodes recebeu o convite
pelo testemunho dos magos e pelas escrituras, mas não o aceitou.
Há uma música do grupo
Emaús que diz: “Então Deus vem, de modo
que eu nunca imaginei; creio em Ti, crês em mim, Deus sempre esteve perto de
mim!” De fato, Deus nos
faz o convite à conversão, ao seu amor pleno, em momentos por vezes
inesperados, em que talvez não o percebemos com nitidez.
Uma das maneiras de
percebermos essa “abordagem” de Deus, talvez seja pela oração e o silêncio.
Poucos hoje em dia “curtem” o silêncio! Peçamos sempre a ele que percebamos seu
convite de amor!
Muitos notam a presença de
Deus num fato alegre; outros, notam-na num fato desconfortável, como a doença,
um acidente, uma perda.
Dizem que Martinho Lutero
converteu-se quando um seu amigo foi fulminado por um raio, quando caminhavam
juntos. Tornou-se monge agostiniano. Entretanto, diante de obstáculos no
relacionamento com a Igreja, ou mesmo por ter escolhido a vida religiosa apenas
por medo e não por vocação, “abandonou o barco” e não confiou na ação divina na
história, como por exemplo São Francisco de Assis.
Este santo teve problemas
semelhantes no relacionamento com as autoridades da Igreja, mas sua atitude foi
positiva, embora no momento parecesse negativa: desnudou-se (no sentido real da
palavra) e “vestiu-se” de Cristo pobre e misericordioso. Venceu os obstáculos
não “abandonando o barco”, mas usando o barco pobre da vida religiosa
autêntica, num testemunho vibrante.
Ele sempre dizia: ”Devemos pregar sempre o Evangelho e, quando
necessário, também com as palavras”. Carlos de Foucauld, seiscentos e poucos
anos depois, disse a mesma coisa, só mudando as palavras: “Devemos gritar (e não apenas proclamar) o Evangelho com a vida” (e não apenas com as palavras).
Deus usa os meios que
estão mais disponíveis na vocação seguida pela pessoa. Santo Agostinho, por
exemplo, recebeu o convite de Deus no assunto que mais amava: a oratória.
Os magos, como já disse,
receberam o convite de Deus na astrologia que estudavam e com a qual sempre
estavam em contato.
S. Paulo, no caminho de
uma perseguição.
Zaqueu, no que fazia de
melhor: comer bem.
Jeremias, na ideia maluca
de que deveria ser abortado (Jeremias 20,7s). Em Jeremias 1,4s, Deus lhe lembra
que o amava e o chamara já antes dele ter nascido, quando ainda estava se
formando no seio materno.
Jonas recebeu o convite
quando aguardava “de camarote” a destruição de Nínive.
São Francisco Borja
converteu-se quando viu a rainha sua protetora, uma das mais formosas mulheres
de seu tempo, exalando cheiro horrível de podridão e putrefação no caixão em
que ia ser enterrada.
S. Vicente de Paulo teve a
sua “hora de Deus” quando fez sua mudança de uma paróquia para outra: percebeu
quanta coisa tinha de supérfluo! E mudou de vida.
O beato Carlos de Foucauld
percebeu a hora de Deus quando se enfastiou das festas e orgias que promovia.
Eu procurei saber qual foi
a hora de Deus em minha vida, e acho que a encontrei. Entretanto, percebi
quantas delas deixei passar em branco e o quanto Deus foi paciente em esperar
até agora.
E você, caro amigo, cara
amiga? Lembre-se de que, como diz o Pe. Fernando Cardoso, Deus se deixa frustrar às vezes, mas não se deixa frustrar indefinidamente!
Meditemos sempre sobre a hora de Deus em nossa vida, e não a deixemos passar em branco! Sabe de uma coisa? Pode ser que a hora de Deus em sua vida tenha sido a leitura deste singelo, pobre e despretensioso artigo! Já pensou nisso?
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