segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

OS MARGINALIZADOS

Há vários grupos de pessoas marginalizadas na sociedade.

Entre eles há também um grupo de marginalizados da sociedade, que são os milionários e os ”ídolos” do cinema, música e tevê.

Essas pessoas todas se isolam em pequenos grupos e acabam não participando da vida comum da sociedade. Vamos nos ater aos pobres, que são marginalizados pelos ricos.

Jesus nasceu pobre, mas não na miséria, como tantos hoje vivem. Havia, no tempo dele, pessoas marginalizadas, como os doentes, leprosos, pecadores, possessos.

Jesus viveu a vida toda na classe pobre. Quando ele tocava algum marginalizado para curá-lo, não descia de classe, mas curava a pessoa e esta é que “subia” da classe dos legalmente impuros para a classe dos purificados.

O estudo pode ser um meio de se sair da marginalização, assim como o trabalho, quando feito por gosto e com sabedoria. Um faxineiro, por exemplo, com estudo, pode saber, melhor do que os que não têm nenhum estudo, como melhorar suas condições econômicas, financeiras e na sociedade, até que se forme e comece a exercer sua profissão. Ele se sobressai em qualquer coisa que faça.

Jesus não quer ver ninguém vivendo na miséria. Quando manda renunciar a tudo o que se possui, se preocupa com os que vivem na abundância e se desviam do bom caminho: acabam “descartando” Deus de suas vidas.

“Felizes os pobres em espírito” (Mt 5,3). O que é ser pobre em espírito? São Carlos de Foucauld dizia: “Nós temos conosco, ao redor de nós, um Pai que nos ama com um amor infinito e que é Todo-Poderoso. E por que então estaríamos inquietos pelas coisas materiais? Que loucura”!

Diz mais: “Você é meu irmão, o que me pertence é seu; um pouco de lama ou de lã não me separará do meu irmão. Eu o amo, tome tudo o que você quiser; querendo você mais, tome mais, tome tudo, tudo o que eu tenho é seu, irmão bem amado. Eu o amo, tudo o que eu tenho é seu”.

Os continuadores do pensamento do Irmão Carlos de Foucauld foram o Pe. René Voillaume e a Irmãzinha Madalena. Eles diziam que o ideal de pobreza é a que vive um operário comum.

Atualmente penso que uma família deve ter possibilidade de possuir casa, automóvel, tirar férias, estudar os filhos, alimentar-se bem, ter possibilidade do lazer.

A vida de maior pobreza deveria ser seguida pelos (as) religiosos (as), mas, como diz Felicisimo (sic) Diez, as congregações religiosas deveriam “repassar” o dinheiro extra que entra para os pobres, em vez de embelezarem fazerem reformas sem fim nos prédios e pertences da congregação. Não basta que seus membros sejam pobres. A congregação também deve ser.

As congregações inspiradas no Beato Carlos de Foucauld vivem essa vida simples, mas têm poucas vocações. As Irmãzinhas de Jesus trabalham como operárias ou empregadas domésticas, ou faxineiras, ou em qualquer profissão pobre. Os Irmãozinhos de Jesus e os Irmãozinhos do Evangelho, idem. Vivem plenamente inseridos na vida do pobre.

Enfim, ser “pobre em espírito” é, mesmo com a capacidade de ganhar bem, renunciar parte disso para partilhar com os pobres e necessitados.

Nosso modo de vida deve ser de economia, nunca desperdiçarmos, vivermos de nosso trabalho, nunca às custas dos outros, evitando o que for supérfluo, o consumismo desnecessário, as falsas necessidades criadas pela mídia. Que nossa casa seja simples, mas confortável e nossas visitas possam sentir-se à vontade, sem aquelas manias de que não podem sujar isto ou aquilo, tendo que tomarem cuidado exagerado com a limpeza da casa. Havia uma vizinha de casa assim! Quando eu entrava na casa (eu tinha uns 10 anos), ela me seguia com a vassoura, varrendo meu rastro. O resultado é que nunca mais fui à casa dela.

Quanta gente viveu e vive a pobreza evangélica! Acreditemos neles! Foram pessoas felizes, sem traumas, sem depressões, numa paz e energia de ação social invejáveis!

Nunca podemos abandonar os marginalizados, sejam eles pobres ou ricos. Um doente, por exemplo, é um necessitado, mesmo sendo rico! Um dia não haverá mais necessitados, como diz S. Paulo, e “Deus será tudo em todos” e, como acrescenta Sto. Agostinho, não haverá mais desejos, porque Deus é tudo o que uma pessoa pode desejar!

Alguns dizem: “os pobres são assim porque são preguiçosos” A preguiça dos pobres muitas vezes vem da má alimentação. Não basta dar dinheiro, mas é preciso remover o empecilho que os impedem de viver uma vida mais tranquila.

Alguns vendem os alimentos recebidos pelas entidades sociais para comprarem drogas, cigarros, bebidas... É uma realidade triste, mas também um desafio real: transformar as más inclinações das pessoas. Tarefa difícil, que só se consegue com os mutirões de ações, em que todas as facetas das pessoas sejam abordadas. Os cursos rápidos de capacitação também são eficazes, como corte e costura, tricô, crochê, marcenaria, pintura, de pedreiro, padeiro etc.

Jesus nunca deu dinheiro aos pobres de seu tempo: deu-lhes alimento e a cura, para que pudessem ganhar o próprio sustento. Como diz o Pe. René Voillaume em seu livro “Irmão de Todos” (nós publicamos um resumo no site), Jesus curou apenas algumas pessoas, encontrou-se com algumas outras, mas nunca agiu para multidões. Aliás, ele próprio era pobre!

Outro problema é não dar apenas a promoção material, mas também e especialmente a espiritual. Não adianta nada promover o pobre e deixá-lo ateu ou sem a palavra de Deus! Seria bom que ele participasse de algum pequeno grupo da comunidade, onde poderia ser melhor ajudado e promovido. Aliás, precisamos tentar criar mais os pequenos grupos, a fim de que essas pessoas possam sentir-se bem, mais à vontade, do que na multidão.

Se assim agirmos, a luz de Deus resplandecerá sobre nós. Muitos pobres não frequentam a Igreja (com i maiúsculo e minúsculo) porque lá não se sentem à vontade. Essa é uma grande verdade!

O sistema evangélico é menos “pesado” que o católico e atrai, por isso, mais pessoas. Precisamos “desburocratizar” nossas comunidades, deixá-las mais acessíveis! Formar mais comunidades de base nos bairros! Aliás, temos muita coisa nesse sentido, mas quase não são conhecidas, ou muitas vezes limitam-se à ação política e acabam deixando a vida de oração de lado, muitas vezes passando a confiar mais na força física ou mental do que no auxílio divino. Se os evangélicos conseguem, por que não nós? Deus por acaso não é Todo Poderoso? Quem o segue pode passar fome? Ou você duvida?

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