segunda-feira, 26 de junho de 2017

PE. CARLOS OPTIMO GALLO



Era um padre magro, franzino, baixinho, da Consolata, e muito santo. Ao encontrar-se conosco, falava: “Caríssimo!” e dava-nos um tapinha no rosto, às vezes apoiando-se num de nossos braços. Tinha câncer no estômago e era capelão do Hospital da vila onde morávamos.

O “Pe. Gallo”, como o chamávamos, tinha uma paciência maravilhosa, um pouco diferente do pároco de então.

Suas palavras nos encantavam, vinham do mais fundo do coração. Eram palavras vividas, não apenas falada. 

Nós falamos muitas coisas, mas vivemos em plenitude poucas delas. Não é por maldade nossa, sei disso! Talvez seja por falta de vigilância e oração.

A oração é que fortalece nossa vigilância. O problema é que as pessoas rezam pouco! Minha vida melhorou muito depois que comecei a rezar mais.

Pois bem: o padre Gallo era um homem de oração, e muita oração. A última vez que eu o vi foi em 16/02/1962, com um amigo, que morreu uns 20 anos depois disso.

O padre Gallo estava internado no hospital. Nós entramos. Ele nos deu um sorriso forçado, sofrendo muito. O câncer do estômago o judiava muito, remédio algum fazia efeito. A medicina ainda estava engatinhando em relação a essa doença. 

O padre conhecia os planos meus e do meu amigo de entrarmos no seminário, e aprovara, até então, nossa ida. Fomos pedir uma bênção de perseverança. Então ele nos disse mais ou menos isto:

“Só agora entendo os que cometem suicídio para se livrarem das dores das doenças” Rezem por mim! Não posso desanimar, nem fraquejar!”

Vimos o quanto sofria, uma dor desesperada. Depois, olhando para os nossos olhos, face impregnada de dor, disse:

“Quanto a vocês, estão me pedindo uma bênção de perseverança, mas algo me diz que não vão ir até o fim. O sacerdócio é uma vida de sofrimento e de santidade! Como diz sempre a nossa boa Dona Itália (nome de uma senhora do Apostolado da Oração), vocês estão pretendendo ser “sacerdotes do Deus Altíssimo! ”Mesmo assim, deu-nos a tal bênção de perseverança. 

Naquele mesmo dia tomamos o trem rumo ao seminário. Revimos o santinho exatamente um mês depois, quando foi enterrado     na cidade em que está o seminário. Morreu em 16/03/1962 

Quanto ao meu amigo saiu do seminário em 1968 ou 1969, já no último ano de teologia. Eu o revi em 1974: casou-se com uma mulher que já era mãe de dois filhos. Tiveram juntos mais um. Reclamou muito de sua vida: não conseguia ler, estudar, fazer essas coisas de que gostava. Era professor. Estava muito triste, infeliz e aborrecido. Morreu do coração, no início dos anos 80, com 42 anos de idade. 

Hoje vejo como o padre santinho estava certo! E dona Itália também, ao nos lembrar: “Vocês vão ser sacerdotes do Deus Altíssimo”! Não é brincadeira!”. 

Espero que a minha vida atual possa agradar a Deus, e que um dia estejamos todos nós juntos ao Pe. Gallo, louvando e bendizendo a Deus. 

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