Dona “Divina”, como
era chamada, era a mãe do Pe. Zezinho (José Fernandes de Oliveira). Eu estava
morando, na época, no mesmo bairro em que vivia uma meia-irmã dela, a D.
Sebastiana .
Dona “Divina” tinha
falta de uma das pernas, amputada por causa da diabete, e dependia dos outros
para se locomover. Eu havia comprado um fuscão do ano, vermelho.
No dia em que eu a conheci coincidiu que eu fui convidado a tomar
um café da tarde na casa de D. Sebastiana. Conheci dona Valdivina, e acho que
depois de minha mãe, foi a mulher que mais amei na vida. Que santidade
brotava de sua face, de seus olhos, de sua vida!
Nunca a vi reclamar da
doença. Ajudava a paróquia do bairro com uma doação, e começou a pedir que eu
levasse a doação ao pároco. Minha mãe também a conheceu e até tiramos fotos
juntos.
Quantas palavras
bonitas ouvimos de sua boca! E nos fez ouvir algumas músicas novas de seu
filho cantor, Pe. Zezinho, que nem havia saído ainda nas lojas: só ela
possuía (ela as tinha em fitas cassette).
Naquele dia em que eu
a conheci, e em outras vezes que ela ali vinha, eu a levei a ver seu filho,
lá no Jabaquara. Até ganhei dele um livro sobre a juventude, autografado!
Acabara de sair. Aconselhou-me a escrever sobre a periferia, que ele daria um
jeito para o livro ser publicado. Nunca fiz isso.
Perdi-me nas datas,
mas num certo dia, anos depois, D Sebastiana convidou-me para acompanhá-la a
S. José dos Campos, para vermos sua irmã: Dona Valdivina tivera amputada sua
segunda perna, e iam amputar seus dois braços. Mas... que mulher santa! A
primeira coisa que me disse foi para que eu pedisse desculpas ao pároco por ela não ter mais podido
ajudar a paróquia onde sua irmã morava. Uma mulher, que não tinha as duas
pernas, e estava para perder os dois braços, preocupando-se com isso!
Sorria e bendizia
a Deus pela assistência tão grande de pessoas que a “bajulavam” no hospital: “Como
é bom ser mãe de um padre cantor famoso! Ninguém me abandona! Todos me tratam
bem”!
Nenhuma palavra de
reclamação, de impaciência, ou de qualquer outra coisa negativa. Dona
Sebastiana dizia: “Nós viemos confortá-la, mas a gente é que sai
confortada”!
Nós víamos Jesus se
irradiando pela vida e pelos atos de Dona Valdivina. Deixei ali a imagem de
um Cristo que eu desenhara numa parede de Eucatex.
Meses depois ela
morreu. O enterro de D. Divina
mais parecia um show de seu filho, o pe. Zezinho: jovens, adultos, crianças,
velhos, todos cantando as músicas dele, chorando a perda de uma tão grande
santa, embora fosse de pequena estatura.
Nunca me esquecerei
dessa mulher tão humilde, generosa, tão santa!
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