segunda-feira, 26 de junho de 2017

DONA VALDEVINA MESSIAS



            

   
Dona “Divina”, como era chamada, era a mãe do Pe. Zezinho (José Fernandes de Oliveira). Eu estava morando, na época, no mesmo bairro em que vivia uma meia-irmã dela, a D. Sebastiana .


Dona “Divina” tinha falta de uma das pernas, amputada por causa da diabete, e dependia dos outros para se locomover. Eu havia comprado um fuscão do ano, vermelho. 

No dia em que eu a conheci coincidiu que eu fui convidado a tomar um café da tarde na casa de D. Sebastiana. Conheci dona Valdivina, e acho que depois de minha mãe, foi a mulher que mais amei na vida. Que santidade brotava de sua face, de seus olhos, de sua vida!

Nunca a vi reclamar da doença. Ajudava a paróquia do bairro com uma doação, e começou a pedir que eu levasse a doação ao pároco. Minha mãe também a conheceu e até tiramos fotos juntos.

Quantas palavras bonitas ouvimos de sua boca! E nos fez ouvir algumas músicas novas de seu filho cantor, Pe. Zezinho, que nem havia saído ainda nas lojas: só ela possuía (ela as tinha em fitas cassette).

Naquele dia em que eu a conheci, e em outras vezes que ela ali vinha, eu a levei a ver seu filho, lá no Jabaquara. Até ganhei dele um livro sobre a juventude, autografado! Acabara de sair. Aconselhou-me a escrever sobre a periferia, que ele daria um jeito para o livro ser publicado. Nunca fiz isso.

Perdi-me nas datas, mas num certo dia, anos depois, D Sebastiana convidou-me para acompanhá-la a S. José dos Campos, para vermos sua irmã: Dona Valdivina tivera amputada sua segunda perna, e iam amputar seus dois braços. Mas... que mulher santa! A primeira coisa que me disse foi para que eu pedisse desculpas ao pároco por ela não ter mais podido ajudar a paróquia onde sua irmã morava. Uma mulher, que não tinha as duas pernas, e estava para perder os dois braços, preocupando-se com isso!

Sorria e bendizia a Deus pela assistência tão grande de pessoas que a “bajulavam” no hospital: “Como é bom ser mãe de um padre cantor famoso! Ninguém me abandona! Todos me tratam bem”!

Nenhuma palavra de reclamação, de impaciência, ou de qualquer outra coisa negativa. Dona Sebastiana dizia: “Nós viemos confortá-la, mas a gente é que sai confortada”!

Nós víamos Jesus se irradiando pela vida e pelos atos de Dona Valdivina. Deixei ali a imagem de um Cristo que eu desenhara numa parede de Eucatex.

Meses depois ela morreu. O enterro de D. Divina mais parecia um show de seu filho, o pe. Zezinho: jovens, adultos, crianças, velhos, todos cantando as músicas dele, chorando a perda de uma tão grande santa, embora fosse de pequena estatura. 

Nunca me esquecerei dessa mulher tão humilde, generosa, tão santa! 

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