segunda-feira, 26 de junho de 2017

SR. DITO LIXEIRO


Foi nesse tempo que o Sr. Benedito viveu. Ele deve estar aí no meio desse pessoal

Morava numa vila do interior de S. Paulo onde havia coleta de lixo com animais e carroça. Aliás, apenas um homem era pago para fazer isso: Sr. Benedito, conhecido como Dito lixeiro.

Católico praticante, criou vários filhos, que se formaram em faculdades, mas morreu no seu trabalho. Era congregado mariano fidelíssimo e participava de todas as celebrações da Igreja.

Éramos todos jovens, talvez eu tivesse uns 15 anos. Gostávamos muito quando ele chegava tocando um sino feito de lata, som horrível, anunciando a coleta. Todos saíamos nas portas, para pôr a lata de lixo ou para recolhê-la.

A festa começava aí. As crianças se aproximavam, ele as carregava e permitia que elas tocassem o sino. Depois íamos em frente a um burro, chamado “macaco”, ao lado de uma égua. O Sr. Dito dizia ao burro: “Dá o pé, macaco!” - E o burro levantava a pata. Como gostávamos disso!


Muitas vezes, quando eu o encontrava, falávamos sobre a Igreja, a Congregação Mariana, a catequese, as procissões. Ele cantava muito bem, bastante alto, animando-nos a cantar também.

Que saudade do Sr. Dito lixeiro e do burro “Macaco'! Como fazem falta: Aliás, nossa infância, nossa juventude, fazem muita falta. E homens simples e sábios como o Sr. Benedito.

Ele fazia seu trabalho com muito amor e alegria. Nunca vi alguém tão alegre e feliz quanto ele em seu trabalho, que era difícil, pesado, cansativo e sujo, que deixaria qualquer pessoa mal-humorada! Mas não para aquele homem.

Seu sorriso, sua alegria, sua paciência com as crianças e com tudo o mais eram contagiantes e nos educavam muito na caminhada.

O que faz uma pessoa feliz não são os acontecimentos, ou como ela vive, mas sim aquela paz íntima do coração que só o Cristo traz. Disse Santa Teresinha: “A alegria não está nos objetos, mas no mais íntimo do coração. Podemos senti-la no mais luxuoso palácio ou na mais triste prisão”. E isso é verdade!

Isso se realizou na vida do Sr. Dito Lixeiro. Ele soube como vencer as provações, as dificuldades, com a paz, a alegria. Era um homem sofrido, mas feliz. Pobre, mas teve todos os seus filhos estudados.


Sempre me lembro da foto serena e sorridente do Sr. Benedito, no cemitério da antiga vila, agora uma populosa cidade. E também sorrio para a vida, como aprendi com ele. Sr. Dito, muito obrigado!

 E ROGAI POR NÓS!

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