sábado, 4 de janeiro de 2020

PREGAÇÃO NA PRESBITERIANA

 
04/01/2020 



Minha tia de 91 anos, presbiteriana, faleceu. Eu só pude ir ao velório na última hora antes do enterro, que ia sair às 11h. Foi feito na igreja que ela frequentava, próximo à sua casa.
Eu conhecera o pastor que estava presidindo o ato fúnebre alguns meses antes, no aniversário dessa mesma tia. Ela estava ainda bem de saúde. 

Fiquei bem discretamente num cantinho na entrada da igreja, junto a um senhor que parecia ser algum voluntário ali da igreja. O meu “erro” foi aproveitar o cântico “Mais perto, ó Deus, de ti”, para ir fazer uma oração junto ao corpo. Nesse ato, todos me viram. Voltei à minha cadeira, ficara apenas alguns segundos ao lado do corpo. A dado momento do ato religioso, o pastor olhou para o meu lado e disse, em voz alta, meu nome, que eu era sobrinho da falecida e pediu-me que fosse falar alguma palavra. 

Fui com muito receio de ofender algumas pessoas, pois todos sabem nossas diferenças doutrinárias. Saudei a todos e veio-me à cabeça Mateus 25, 31-46, o julgamento final. Falei sobre isso. Inclusive contei o fato do Pe. Ladislau, polonês, que ia visitar todos os doentes possíveis e imagináveis. Eu lhe perguntei, certo dia, o porquê desse seu costume, num dia em que estávamos reunidos no retiro anual, e ele me disse que não cumpria muito bem os outros atos de misericórdia mas, no juízo final, quando Jesus lhe perguntasse sobre as visitas aos doentes, ele, exultante, poderia falar: “Isso eu fiz! Eu visitei todos os doentes que pude”. 

As pessoas que me ouviam pareciam ter gostado da historinha. Só depois eu pensei bem no que fizera, mas já estava feito: os protestantes, mesmo os presbiterianos, acham que só a fé é que salva. As obras, eles as acham inúteis para a salvação. 

Como, então, negar todo esse trecho de Mateus e, mais ainda, a parábola que o precede, que é a dos talentos? 

A fé sem as obras, diz Tiago não leva a nada: “Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? (...) Assim também a fé, se não tiver obras, está completamente morta”. 

Não sei, não, mas tenho agora a nítida impressão de que fui inspirado pelo Espírito Santo. Algumas pessoas comentaram o que eu dissera. Isso é bom. Sinal de que prestaram atenção no assunto. O pastor que me reconhecera teve o tempo todo os olhos fixados em mim. Estava a um metro de distância de mim, à esquerda. À direita estava o caixão. Minha tia fora uma das cofundadora daquela igreja...

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