sexta-feira, 21 de abril de 2017

IMITANDO VERÔNICA

(set 2016)

Ao meditar a Via Sacra deparei-me com uma coisa que resolve muitas de nossas dúvidas: se não podemos evitar a crucifixão de Jesus, como os que acreditaram nele e o seguiram na Via Crucis, pelo menos imitemos Verônica, enxugando seu rosto, confortando-o na caminhada para o Calvário.
Todos estamos também carregando a nossa cruz, seguindo Jesus, ao atendermos seu pedido: “Quem quiser vir após mim, pegue sua cruz e me siga!”(Mateus 16,24). Ele não disse: “Vá à minha frente”, ou “Vá ao meu lado”, ou mesmo “Vá em meu lugar”. Ele disse: ‘Venha após mim e me siga”! Ele abriu-nos o caminho, ele foi à nossa frente. É como a mãe que come uma colherada da sopinha que está dando ao filho para que ele veja como é gostosa e vai-lhe fazer bem.

Jesus disse, também, que se quisermos fazer-lhe algo, façamos ao pobre, ao necessitado. Aí está a nossa resposta: enxugamos o rosto de Jesus quando enxugamos os de nossos irmãos e irmãs desamparados.

Como fazer isso?

Ora, há tantos que sofrem por aí, aos quais nada podemos fazer além de consolar, confortar, diminuir os sofrimentos. Por exemplo, os doentes incuráveis. Tenho um amigo testemunha de Jeová que está com câncer e a quimioterapia está fazendo muito mal a ele. Eu sempre lhe digo: “Peça à Mãe que o Filho atende”! Ele sorri, mas eu sei que ele talvez nunca faça isso. Se fizesse, talvez Maria conseguisse para ele a graça da cura.

Se esperarmos o “poder” de curar todo mundo, tirar todos da miséria, reunir os separados, nada faremos! Nunca o conseguiremos!

Portanto, mãos à obra! Não hesitemos em animar os desanimados, dar algo para o faminto comer, dar um abraço nos solitários e tristes, chorar com os que choram... São Paulo não nos pede para fazer calar os que choram, mas sim, nos pede para chorar com eles! (Romanos 12, 15).

Sobretudo, que tal aprendermos a ouvir? Somos acostumados a falar sem ouvir! Quando alguém nos fala sobre sua dor de perna, em vez de o ouvirmos e nos condoermos, logo conseguimos encontrar em nós mesmos alguma outra dor maior do que a dor de perna dele e a comentamos!

O correto seria ouvir a pessoa, comentar a dor de perna dele, e, se fosse o caso, aí, sim, poderíamos exemplificar o fato com a nossa dor.

Muitas vezes a pessoa não quer soluções, mas apenas alguém para ouvir as suas queixas, alguém para desabafar suas mágoas! Só pelo fato de o (a) ouvirmos, ele (ela)sentirá uma melhora em seu problema.

Ser como Verônica! Ela não podia evitar a morte de Jesus, mas confortou-o com o que tinha às mãos: um pedaço de pano, segundo a bela tradição oral, recebeu a marca do rosto de Jesus.

Confortando os que precisam de um conforto, estaremos recebendo a marca da face de Cristo em nossa mente e em nossa alma, e isso nos dará a força necessária para pegarmos novamente nossa cruz, se a deixamos cair, e seguir Jesus no caminho do Calvário que, na verdade, é o caminho da Salvação.

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