(SET. 2016)
Estamos vivendo num imenso mistério. Na verdade, estamos dentro, no meio desse mistério: o universo. Quantas estrelas, planetas, galáxias completas existem? Por que existem? Para quê? Por que, afinal, alguém me diga, estamos aqui? Quem nos chamou à vida?
Os animais, os insetos, os vegetais, os micróbios, têm em si
um sistema extraordinário de vida, com sofisticados processos de preservação da
vida e da espécie.
Muitos deles nasceram simplesmente para morrer e servir de
alimento aos demais. Que vida “besta”, diríamos. Passam a pouca vida que
possuem fugindo dos predadores e, no tempinho que lhes sobra, propagam a
espécie em sua descendência.
Agora são 15:55 hs. Levei dez longos minutos para escrever
estas poucas linhas. É primavera, mas o dia está mais para inverno, e o serviço
de meteorologia anuncia frio intenso para quinta-feira. As estações se sucedem
e temos que nos adaptar a elas. Nós nos adaptamos com a inteligência; os
animais nascem com mecanismos próprios para sua defesa.
Darwin diz que foi a natureza, no passar do séculos, que os
dotaram dessas maravilhosas adaptações com que enfrentam as intempéries.
Nós nascemos totalmente dependentes dos outros. Nascemos,
vivemos e morremos animais racionais sociais. “Homem algum é uma ilha”, livro
de Thomas Merton, monge americano, baseado na frase de um outro autor. A gente
se aproveita das intuições alheias e acrescentamos a elas as nossas intuições.
É como um conjunto de roldanas e engrenagens.
Darwin tem razão, mas eu prefiro colocar Deus nessa
história. Não exatamente como está na bíblia, mas como criador e mentor da
evolução. Di o documento “Gaudium et Spes, 36” que, sem Deus, a criatura se reduz a
nada! Sem Deus, somos nada! O mundo, o universo todo, é mantido pelo poder
divino. Deus é partilha, é amor, é misericórdia.
As testemunhas de Jeová (tenho vários amigos desse grupo),
os mórmons, os judeus, os maometanos, não acreditam na Santíssima Trindade, na
divindade de Jesus. Que pena! Para eles, o Espírito Santo é apenas uma
manifestação da mesma pessoa de Jeová.
A Trindade é a manifestação da comunhão eterna que existe
entre as três pessoas divinas: o Pai, o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito
Santo. Um só Deus em três pessoas. Que união marcante há em Deus! “Pai, que
todos sejam um como tu, ó Pai, o és em mim e eu em ti!” (João 12,21). E Jesus
pede que sejamos “um” com ele e com os
demais seres humanos com a mesma unidade da Trindade!
Podemos afirmar, então, que Deus é uma pequena comunidade de
três pessoas, adorada pelos anjos e depois por todos os santos, e, um dia,
todos nós.
Se não conseguirmos viver em comunidade não herdaremos a
vida eterna. Mesmo nós que somos eremitas devemos viver com e para os outros,
sobretudo os doentes, os pobres, e os que sofrem qualquer tipo de necessidade
(desde que não seja uma necessidade vinculada ao pecado, ao vício), sejam esses
necessitados pobres ou ricos.
Você estranhou de eu falar de “necessitado rico”? Pois há
muitos!” Pessoas doentes, abandonadas, dementes, solitárias, depressivas, que
não podem ser atendidas pelas suas riquezas, são pessoas necessitadas.
É São Basílio Magno que insistiu muito sobre o valor da
comunidade. Ele começou sua vida religiosa como eremita, mas logo percebeu o
valor da comunidade como ambiente necessário para a prática do amor e de
aconselhamento quanto aos nossos defeitos e problemas.
São Bento, anos mais tarde, chegou à mesma conclusão quando,
aos 19 anos, isolou-se na vida anacorética (solitária). Logo cuidou de
juntar-se a outros para uma vida cenobítica (comunitária).
O próprio universo é, de certa forma, comunitário. Um astro
depende da força gravitacional dos outros para não “desembestar” pelo universo,
sem rumo.
A harmonia do universo me faz “babar” de admiração. Deus nos
criou neste universo visível para levar-nos ao universo invisível após a morte.
E se eu lhe disser que o universo real é o invisível e o artificial é este?
Nós vivemos numa grande ilusão. Ilusão pura! As estrelas que
vemos brilhar no céu, nas noites limpas, são as que lá estavam há milhões de
anos, mas talvez nem existam mais! Pura ilusão de ótica! Só agora a sua luz
chegou até nós, a luz que imitiram há milhões de anos!
A televisão... Sabia que não possui movimento algum? São
fotos paradas, que se fixam por alguns segundos em nossa mente, e a sequência
dessas fotos é que nos dão a sensação de movimento, em nosso cérebro, e não na
realidade.
Outra ilusão: estique o seu dedo indicador e o balance: você
vai ver vários dedos, mas é apenas um que você está movendo! Eu diria que
estamos, na verdade, numa espécie de mundo virtual, que vai desaparecer algum
dia e dar lugar a um outro, sem as necessárias ilusões deste mundo.
Disse Leibnitz que este é o único “modelo” de mundo que deu
certo na mentalidade divina, ou seja, o que traz maiores benefícios com o menor
número de problemas.
Deus se ofereceu para sanar esses problemas, pois ele tem
poder para isso, mas os seres humanos não quiseram. Preferiram “virar-se”
sozinhos, dispensaram a ajuda de Deus, e é a isso que chamamos “pecado
original”.
Com a morte e a ressureição de Cristo, a salvação nos foi
liberada e podemos, agora, aceitar essa ajuda divina. Não é mais como era para
ser, mas Deus, em seu infinito e eterno amor (“Eu te amei com um amor eterno”!-
Jeremias 31,3) e misericórdia, aceita ser nosso “parceiro invisível”, como se
intitula um livro sobre Carlos de Foucauld.
Temos que passar alguns anos neste mundo irreal, gerar novos
habitantes, e depois irmos para o mundo real, da eternidade feliz, o paraíso,
que futuramente até poderá ser igual a este, mas eterno, real, e sem nenhum
defeito, pois tudo será sanado e conduzido por Deus.
Haverá vida em outros planetas?
Não faço a mínima ideia. Mas, se houver, pode ser que eles
vivam esse mundo planejado para nós por Deus e não tenham feito o pecado
original, e seja um mundo maravilhoso, governado pelo próprio Deus!
Se isso fosse verdade, esses habitantes teriam muito mais
força, Inteligência e sabedoria do que todos nós, muito mais do que Einstein e
outros grandes sábios nossos.
Deus nos criou para entrarmos em comunhão com ele e quis que
isso fosse opção nossa. Ele correu esse risco e pagou muito caro por isso: a
morte de seu único Filho, Jesus, Deus como Ele e o Espírito Santo.
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