sexta-feira, 25 de maio de 2018

CARPE DIEM!

25/09/2010- postado em 02/02/17)

A tradução é “curta o momento”, “aproveite o dia”.
Vivemos fazendo tudo correndo, apressadamente, para nos sobrar tempo... para fazermos desesperadamente outras coisas.

Quando nos encontramos numa situação em que somos impedidos de agir livremente, aí aprendemos que é besteira fazermos as coisas bestamente, apressadamente.

Começo esta reflexão com o salmo 126(127), 2: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amigos até durante o sono”.

Quem realmente confia no Senhor não faz tudo como se dependesse apenas de si próprio. Lembro também Lucas 10,40-42:

“Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”.

Já em João 21,1-14, após a sua ressurreição, Jesus apareceu a Pedro, Tomé, Natanael, João, Tiago e outros dois dos seus discípulos... e comeu peixe assado com eles, na praia! Tanta gente para converter, tantas coisas para ensinar, mas eles ficaram fazendo um “piquenique” na praia. Os entendidos no assunto dizem que esses dois de quem não sabemos os nomes, somos nós!

Em Lucas 9, 10: “Os apóstolos, ao voltarem, contaram a Jesus tudo o que haviam feito. Tomando-os ele consigo à parte, dirigiu-se a um lugar deserto para o lado de Betsaida”. Em Marcos 6, 32: “Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um pouco”!

Dois jovens bancários trabalhavam num mesmo serviço, mas em turnos diferentes: um de manhã e outro à tarde. O da manhã era meio ateu, e o da tarde muito religioso. Trabalhava tranquilamente. Como era chefe de secção, apenas coordenava o trabalho. Na hora do café aproveitava para ir rezar com os monges no mosteiro vizinho. O da manhã era impaciente e apressado. Punha-se a fazer o trabalho dos escriturários que lhe eram submissos. Resultado: o da tarde rendia mais que o da manhã. Às vezes o da manhã se queixava com o da tarde, quando lhe passava o serviço. O da tarde ria, e aconselhava o colega a fazer o trabalho da coordenação, e não fazer o trabalho pelos subordinados. E que rezasse, entregasse o trabalho a Deus. 

O segredo é manter-se “em dia” com Deus, pela oração, e fazer tudo com calma, sem afobação, sem desespero, sabendo que Ele nos está ajudando, estamos sob sua proteção. “Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga”, diz um ditado baseado no salmo 126.

Eu soube disso desde criança. Certo dia minha mãe chegou da fábrica, tudo por fazer, um metro de louça na pia, dois metros de roupa no tanque, camas para arrumar...Ela já havia trabalhado oito horas em pé na tecelagem!

Meu pai havia comprado laranjas, quando viera almoçar em casa (a minha mãe almoçava na fábrica mesmo), e estavam espalhadas sobre a mesa. Ela, desanimada, sentou-se à mesa e, deixando tudo pra lá, começou a chupar laranjas. Depois foi tirar uma soneca. Eu nunca me esqueci disso! Percebi que ela confiava em Deus e sabia que mais tarde, um pouco mais descansada, daria conta do trabalho.

Tenho vários amigos afobados, desesperados para fazerem qualquer tipo de trabalho. Parecem que querem salvar o mundo. Jesus já fez isso! Há um deles que está sempre correndo, também, mas tem tudo milimetricamente planejado, inclusive as horas (exatíssimas) para dormir, acordar, comer, tomar banho, fazer sua caminhada (conta quantos quilômetros andou)...

Temos que acreditar que Deus tem conhecimento de tudo e é misericordioso. Ele nos tem em suas mãos. Não há necessidade de correria, a não ser, é claro, nas emergências. “Respiro já aqui na terra o ar do paraíso”! –dizia Santa Faustina. E uma autora, Mônica S., diz em seu livro sobre Santa Teresinha que ela achava que “A alegria não está nos objetos, mas no mais íntimo do coração; podemos senti-la no mais luxuoso palácio ou na mais triste prisão”.

Essa alegra só é possível com a paz, a serenidade, a confiança na ação de Deus no trabalho que fazemos. Quando tentamos fazer algo e não dá certo, após várias tentativa, deixemos na mão de Deus e façamos o pouco que podemos. Se Deus não está tão preocupado com isso, pois não está nos ajudando, por que deveríamos estar nós?

Isso ocorreu com o Cônego José Allamano, em Turim, fundador dos missionários e missionárias da Consolata. Os institutos não iam para frente de jeito nenhum. Estava tudo emperrado. Ele fez o que podia, e, no Santuário da Consolata, muito famoso, disse a Maria: “Maria, a obra é tua! Eu lha entrego! Fiz o possível! Se não quiseres essa tua obra, desfaze-a! O problema não é mais meu. Eu nada mais posso fazer! Foi uma oração mais ou menos como essa.

A partir desse momento, a obra deslanchou, foi para frente, e dura até hoje.

O Eclesiastes (Coilet) percebeu bem isso e nos transmitiu: “Não há outra felicidade para o homem além de comer, beber e gozar do bem-estar, fruto do seu trabalho. Notei que isso vem da mão de Deus, pois “quem pode, sem mim, comer e cuidar de si”? (Ecl 2,24).

É claro que isso tem que ser lido à luz do Novo Testamento e da crença da ressurreição final e na vida eterna, o que estava apenas se formando como ideia naquela época.

Se isso que estou aqui dizendo eu tivesse cumprido quando mais jovem, eu teria evitado uma porção de problemas e fatos acontecidos em minha vida. Houve uma época em minha vida que eu era um desses que trabalhava como louco. Havia me esquecido da lição desses dois amigos do banco. Eu me prejudiquei muito por causa disso. Por isso é que eu estou insistindo: oremos mais, coloquemos nossas ações e nossa vida nas mãos de Deus, que nunca “quebraremos as pernas”.

Digo, pois aos e às evangelizadores (as) que aproveitemos bem o nosso tempo com paciência, atendamos bem às pessoas, pois isso valerá a pena, mas deixemos Deus cuidar daquilo que não estiver ao nosso alcance! ”Lançai sobre ele vossas preocupações, porque ele cuida de vós”!(1ª Pedro 5,7).

Realmente, você acredita nisso?

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