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16/10/2018
Essas duas santas são celebradas hoje, e esse é o único ponto comum entre elas, além do fato de que Santa Edviges, no final da vida, também viveu no convento.
SANTA EDVIGES
Nasceu em 1174 na Alemanha. Foi mãe de família (casada), viúva e freira. Foi criada num ambiente de luxo e riqueza, mas isso não a contaminou. Sempre viveu com humildade e simplicidade. Isso é próprio das pessoas sábias, que não põem no dinheiro a sua segurança.
Casou-se aos 12 anos de idade com o príncipe da Silésia (clique na palavra para saber onde fica), Henrique I, cognominado “o barbudo”. Tiveram seis filhos, que foram educados na piedade. Depois do sexto filho, combinou com o marido de viverem em continência conjugal. Ela estava com 32 anos quando isso ocorreu. Dois de seus filhos morreram ainda crianças. Quando faleceu o terceiro filho, Henrique II, na cruzada contra os tártaros, ela disse: “É a vontade de Deus e devemos submeter-nos a ela. Eu vos agradeço, Senhor, por me terdes dado um tal filho, que sempre me amou durante a sua vida, testemunhando-me um grande respeito e jamais me causou a mínima pena. Se bem que desejasse vê-lo sempre com vida, sinto uma grande alegria de saber que ele derramou seu sangue por vós, meu Criador (por ter morrido durante a cruzada), e que está agora unido a vós no céu” (1).
Ela sempre foi marcada por um espírito de oração, penitência e caridade. Ás quartas e sextas-feiras comia só pão e bebia apenas água, na quantia mínima necessária para o corpo. Nos demais dias da semana limitava-se a comer alguns legumes secos. Ou seja: fazia muita penitência. O esposo, apesar de ser um bom homem, não concordava com essa penitência toda, e às vezes reclamava quando não havia vinho na quaresma.
Apesar da vida de penitência essa santa distinguiu-se pela caridade. Guardava para si uma quantia mínima de sua renda e o restante distribuía com os pobres, e inclusive pagava as dívidas de quem estava preso por não pagá-las. Por isso, é considerada pelo povo a “santa dos endividados”. Construiu escolas, hospitais, igrejas e conventos. Ela cuidava pessoalmente dos doentes, com as próprias mãos, embora tivesse condições de pagar pessoas para fazerem isso.
Com a morte de seu esposo, em 1238 (ela estava com 64 anos), entrou para o convento de Trzebnica, onde sua filha Gertrudes era superiora. Lá permaneceu por cinco anos, numa vida de muita santidade baseada na obediência, humildade e muita caridade, até falecer, em 15 de outubro de 1243, com 69 anos. Sua festa é colocada no dia 16 por causa da festa de Sta. Teresa de Ávila, comemorada no dia 15.
SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE
Nasceu na França (Verosvres, Borgonha) a 22/08/1647 e faleceu em 1690, com 43 anos de idade. Ela é conhecida por ter divulgado a devoção ao Sagrado Coração de Jesus numa época muito difícil de descrença do Jansenismo (que negava a possibilidade do ser humano de qualquer obra boa e totalmente inclinado para o mal, dependendo unicamente de ter sido ou não predestinado, e isso acarretava abandono da comunhão, da oração e dos atos de piedade e de caridade).
Sua infância foi muito sofrida. Ficou órfã de pai ainda jovem e foi, com a mãe, morar com o tio e isso lhes trouxe muitos aborrecimentos e humilhações. Margarida foi educada pelas irmãs Clarissas, até que uma doença, que não se abrandava com nenhum medicamento lhe causava grandes dores, a afastou das atividades. Margarida fez, então, a promessa de se tornar religiosa se recuperasse a saúde, e foi curada.
Já no convento, teve, aos 25 anos, em 1673, a primeira manifestação do Sagrado Coração de Jesus, durante a adoração ao Santíssimo Sacramento, que se repetiu por dois anos, às primeiras sextas-feiras de cada mês.
Diz a Wikipédia: “Em 1675, durante a oitava do Corpo de Deus, Jesus manifestou-se lhe com o peito aberto e, apontando com o dedo seu coração, exclamou: "Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento, não recebo senão ingratidão da maior parte deles".
Jesus pediu à santa que divulgasse seu Amor infinito, um maior amor à Santíssima Eucaristia, à comunhão reparadora às primeiras sextas-feiras de cada mês (essa devoção é praticada como novena, ou seja, em nove primeiras sextas-feiras, mas deve ser feita sempre!), a prática da Hora Santa em reparação pelos pecados da humanidade e vários outros pedidos semelhantes.
A santa teve muitas dificuldades e oposições para anunciar essa devoção, sofreu muito, mas teve, antes de morrer, a felicidade de ver muitos de seus opositores abraçando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Quem a ajudou muito foi São Cláudio de La Colombière (canonizado em 1992 pelo papa São João Paulo II), que lhe deu todo o apoio e tornou-se, também ele, propagador da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Essa devoção é às vezes mal entendida. O coração é um órgão do corpo humano que não tem nada a ver com o pensamento, com os sentimentos, embora atualmente haja uma pesquisa dizendo que ele tem parte nisso. Quando sentimos alguma emoção o coração dispara, para bombear mais sangue ao nosso cérebro “congestionado” pela emoção, e isso talvez levou o ser humano a colocar o coração como o “órgão do amor”. O coração ficou símbolo do amor. Mas nós, na verdade, amamos com nossa alma e o corpo adere a esse amor.
Mas há também o fato de o Coração de Jesus ter sido transpassado pela lança, na cruz, e dele saíram as últimas gotas de sangue e de água que havia no seu corpo crucificado.
Temos que ter em mente, entretanto, que Jesus não sofre mais. Ele está na glória, com toda a sua divindade e humanidade, e no céu ninguém sofre, ninguém chora, ninguém é triste (isso é dito, aliás, na Oração Eucarística XI). O sofrimento do Coração de Jesus, mostrado nas revelações à santa, refere-se aos sofrimentos que ele teve em sua vida, não apenas na Paixão, mas em toda a sua vida. Quando Jesus estava aqui na terra, pensava sempre em todos nós. Sua vida foi uma entrega total aos seres humanos. Temos que entender isso: Jesus sofreu tudo aquilo, inclusive nossos pecados e indiferenças, enquanto viveu aqui na terra. Esse sofrimento foi causado não apenas pelos pecados dos contemporâneos de Jesus, mas pelos meus pecados também.
Quando eu faço alguma coisa boa, quando eu mudo minha vida, eu enxugo o rosto de Jesus como Verônica. Quando eu ajudo e conforto algum doente, alguma pessoa pobre, abandonada, desanimada, depressiva, é o Coração de Jesus que se alegra com isso, porque sabe que, ao praticar a caridade, ao entregar-se ao amor de Deus, nós seremos salvos e poderemos estar com ele após nossa morte.
Nada pode alegrar mais a Deus, e isso inclui as três Pessoas da Santíssima Trindade, do que poder abraçar você, um dia, no céu e partilhar de sua companhia. Deus nos ama muito e quer-nos ao lado dele. Só que ele não faz isso se não quisermos, se não O buscarmos.
Santa Margarida Maria morreu dizendo estas palavras: “Ah! Como é doce morrer após ter tido uma constante devoção ao Coração daquele que nos deve julgar!” (2). Peçamos a ela que nos ajude na devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria!
(1)- Dom Servílio Conti, “O Santo do dia”, ed. 1986, Vozes, pág. 459.
(2)- idem, pág. 460.
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