sábado, 13 de maio de 2017

CHIQUITO, MEU PORQUINHO



Um amigo de meu pai criava porcos em seu sítio. Havia lá uma porca muito gorda que dera cria: 12 leitõezinhos. Infelizmente ela deitou em cima de 11, matando-os, só sobrando um. Eu implorei a meu pai que o comprasse e o levássemos para casa. Eu tinha uns 10 anos. Meu pai concordou e nós o criamos em casa, primeiro com mamadeira, depois com leite misturado com pão. Nós pregamos numa tábua 2 latas de goiabada e ali púnhamos a água e a sopinha de pão.


Chiquito (esse é o nome que dei ao porquinho) crescia forte e bonito. Era ainda novo, pequeno, quando uma galinha chocou uma ninhada de pintinhos que começaram a “invadir” as latas de alimentação dele. Ele agia como as pessoas pão-duras, egoístas e avarentas: não deixava os pintinhos comerem com ele.


Na vida é assim mesmo! Muitas vezes temos medo que nos falte o alimento, ou as nossas coisas, e não vemos as necessidades dos outros.


Precisamos confiar em Deus, que não nos deixa faltar nada se lhe formos fiéis, se o amarmos e o obedecermos. O Chiquito não era gente, e por isso não sabia que nunca deixaríamos que lhe faltasse alguma coisa!


Alguns dias depois das brigas do Chiquito com os pintinhos, aconteceu dele descobrir um buraco na porta de casa e por ele pôde sair para a rua. “Que beleza!” - deve ter pensado eles. “o mundo não é só o meu quintal! É também a rua!”


O padeiro passava por ali todos os dias às três horas da tarde, vendendo pão a domicílio, com um ford 1929 ou pouco mais novo. Ele deu um pãozinho para o Chiquito, que adorou a ideia e ficou freguês.


Todos os dias, quando o padeiro buzinava, o porquinho saía numa disparada e ia comer o seu “pãozinho de cada dia”. Meus colegas da rua coçavam sua barriga e ele deitava com as quatro patas para cima.


Uma coisa surpreendente aconteceu então: por ter o pãozinho diariamente lá fora, o Chiquito passou a deixar que os pintinhos comessem sua comida nas latas de goiabada.


Ele deitava-se ao lado e via os pintinhos que, abusados, começaram a subir nele e a bicar sua pele. A amizade entre eles começou a existir.


Nós tivemos um problema financeiro e vendemos (bem caro) o Chiquito a um homem que diariamente implorava que nós o vendêssemos. Soubemos depois que ele cresceu e vivia na casa dos novos donos, que nunca conseguiram matá-lo para comê-lo: o Chiquito morreu de morte natural, bem velhinho.


A moral da história: Quando nós finalmente descobrirmos que nossa vida não é só esta, mas continua na eternidade, não vamos mais nos apegar de modo exagerado ao que temos e vamos procurar ajudar mais as pessoas! Você topa? Não dá para aprendermos com o porquinho Chiquito?

Nenhum comentário:

Postar um comentário