domingo, 11 de outubro de 2015

A VIVÊNCIA DA BELEZA


(pôr do sol em Assekren, Saara)

(06/09/15)

O “belo” está presente em muitas coisas: nas flores, nas músicas, nos filmes, nas pinturas, na arte em geral, nos animais, no pôr-do-sol, na natureza, nas crianças.

Entretanto, muitas dessas nossas apreciações não resistem ao tempo: tendem não só a não nos mostrar mais o “belo”, mas até mesmo chegam a nos enfadar ou a nos cansar ao vê-las ou ouvi-las.

Isto ocorreu comigo. Eu havia “perdido” muitas fitas de áudio e vídeo de minha juventude e, sem esperar, os recuperei recentemente, num baú, num quarto de bugigangas nunca procuradas.

Ouvi e vi algumas dessas gravações que ainda funcionavam e decepcionei-me: não me levaram a nada, com apenas poucas exceções.

Percebi, então, que, à medida em que vamos nos acostumando com a oração e a busca de Deus, vamos também nos desapegando dessas manifestações estéticas externas.

O contato com Deus, o único verdadeiro “Belo” que existe, é a única beleza que não cansa, que realmente nos satisfaz. O “belo” o mundo é apenas uma “amostra grátis” do Belo que nos está reservado no paraíso, acompanhado da alegria, da paz, do êxtase diante do divino.

O Beato Irmão Carlos de Foucauld, que vivia em Tamanrasset, no deserto, e em Assekren, dizia, a respeito da contemplação do Belo: “Os ocasos, aqui no deserto, são tão calmos, as noites são tão serenas, esse grande céu e esses vastos horizontes meio iluminados pelos astros são tão pacíficos e cantam silenciosamente de maneira tão penetrante o Eterno, o Infinito, o além, que eu passaria as noites inteiras nessa contemplação. Entretanto, abrevio essas contemplações e volto depois de poucos instantes diante do tabernáculo (onde está Jesus Eucarístico), porque ali tenho muito mais no humilde tabernáculo. Nada é comparável ao Bem Amado (Jesus). (Carta. Texto tirado do livrinho “Um pensamento de cada dia”, do dia 9 de dezembro)

Muitas vezes nós buscamos a beleza em locais onde nunca a encontraremos. Até poderemos encontra-la, mas será efêmera, apenas momentânea. Outras vezes, buscamos belezas e prazeres ilusórios, que nos levam ao pecado, seguido da dor e do remorso e até da perda da saúde ou acidentes.

Deus nos criou e sabe o que é melhor para nós: ele próprio. Quanto mais O buscamos na oração, na contemplação, no atendimento ao próximo, mais nos satisfaremos com o verdadeiro Belo, que nunca nos será tirado e nunca nos deixará frustrados.

As músicas, os filmes, os prazeres, nunca nos darão satisfação completa. A beleza de Deus, que nos será revelada numa vida de busca da santidade, nunca nos abandonará e sempre nos trará a paz. Sempre!-

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