LUTAMOS E VENCEMOS!
(Ou: Evangelização e educação).
14/03/2023
Um parente meu de 80 anos me enviou um desses textos de WhatsApp, que mostrava uma série de dados estatísticos sobre a população da Terra. Entre esses dados havia uma porcentagem de ricos, de pobres e dos “bem-realizados”.
E
sobre isso havia uma mensagem que dizia: “Se você tem sua própria casa (ou
locada), faz de 3 a 6 refeições completas diárias e bebe água limpa, tem um
telefone celular, pode navegar na Internet e fez faculdade, você está no
pequeno Grupo dos Privilegiados (você é da categoria Elite Global de menos de
7% da população mundial)”.
Isso
me fez pensar muitas coisas, pois posso me considerar desse grupo, e esse meu parente
também. Entretanto, em minha mente veio o nosso passado de vida simples, quase
não tínhamos nada, estudamos muito para chegar ao ponto em que estamos,
sofremos muitas humilhações, alimentação estritamente necessária. Quando jovem,
eu cheguei a morar na mesma “república” de jovens que esse meu parente e via o
malabarismo que tínhamos que fazer para continuar nosso estudo, nosso trabalho,
na enorme cidade de São Paulo.
Em
seguida passei a ponderar o que falta às pessoas de hoje para melhorarem suas
vidas. Percebo que muitas delas se empobrecem devido aos vícios e à vida
desregrada. Outras, por causa da falta de ânimo para estudar, aliada à
dificuldade motivada pelas más condições de onde vivem.
Lembrei-me
de minha infância, antes da alfabetização. Eu devia ter uns 5 ou 6 anos.
Olhando para a janela de nossa casa, vi um vizinho meu pegar um papel do lixo e
ler. Eu fiquei triste por ainda não saber ler. Tive uma pontinha de inveja
dele.
Outra
coisa de que me lembrei é que minha mãe, voltando da fábrica, lia livros de
romance em voz alta, eu e ela na cama, e eu acompanhava com fidelidade a
leitura que ela fazia. Eu colocava o dedo na altura de seus olhos e traçava no
ar uma linha reta até o livro, para ver qual palavra ela estava lendo.
Num
dia desses eu cheguei quase a chorar de emoção, ao ver exatamente um desses livros,
mesma edição que minha mãe lia: “O homem que ri”, de Victor Hugo. Estava numa
biblioteca. Lembrei-me de um desenho em que havia uma legenda. Minha mãe leu-a
para mim: “Por que você está rindo”? um homem perguntava ao “homem que ri”. Ele
respondeu: “eu não estou rindo”. E aí minha mãe leu a explicação que o segundo
homem dera ao primeiro, sobre um acidente que deformara sua boca. Pois é,
estava tudo ali no livro que eu tinha em mãos. Que saudade me deu de minha mãe
e desses momentos literários que tínhamos após o seu trabalho e após o jardim
de infância no qual ela ia me buscar depois da fábrica! Ao mesmo tempo, tive certeza de que esses momentos de minha vida me impulsionaram para o estudo.
O
que impulsiona uma pessoa a estudar e a tentar vencer os obstáculos do caminho?
Pensei muito e não encontrei uma resposta global. São muitas coisas. Mas digo
com convicção que uma delas é a evangelização, incluindo aí a oração. Eu fui
evangelizado desde a mais tenra idade, assim como esse meu parente. Quem é
evangelizado sente mais no seu interior o dever de se evoluir, se instruir, de
melhorar seu estado de vida.
É
claro que isso não pode ser generalizado, pois há muitas pessoas que não seguem
nenhuma religião que também lutaram e saíram da miséria. Mas muitas dessas
pessoas já nasceram em famílias de classe média.
Os
Vicentinos sempre dizem, em suas reuniões, que devemos ter também a evangelização
em mente, quando ajudarmos famílias pobres. Não adianta enchermos a barriga dos
pobres se eles continuarem a não seguirem uma vida mais próxima de Deus. Com a
evangelização eles vão se preocupar também com o estudo e por esse caminho
obterem melhores empregos e, consequentemente, melhor nível de vida. Pelo menos podem conseguir que os filhos busquem o estudo.
Hoje
em dia há muito mais facilidade em estudar que nos tempos em que eu era jovem.
A internet está no celular de quase todo mundo. Uma pessoa que estiver disposta
a estudar, pode fazer isso onde vive. Também há inúmeros cursos
profissionalizantes no Senai e em outras entidades.
Nossos
avós e pais sofreram muito para nos criar. Mas conseguiram! E não erro ao dizer
que a maioria deles era evangelizada. A evangelização verdadeira livra as
pessoas dos vícios e desregramentos e isso as levam a procurarem o estudo e a
conseguirem empregos melhores.
Essa
é a minha opinião. Pode se que eu esteja errado. Mas acho que pode funcionar.
Teófilo Aparecido de Jesus
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