terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ALGUMAS VIRTUDES DO CRISTÃO

1 - A CARIDADE
2 - A GRATIDÃO
3 - A SINCERIDADE
4 - A PACIÊNCIA.
5 - VIDA NA CARNE E VIDA NO ESPÍRITO SEGUNDO S.PAULO APÓSTOLO

Havia dois amigos almoçando num certo lugar. Na travessa, um bife pequeno e um bife grande. Um deles pegou o bife grande. O outro reclamou: “ Que sem educação! O certo seria você ter pegado o pequeno e deixado o grande para mim!” Aí o “sem educação” respondeu: “Como você é cheio de boa educação, ia pegar o pequeno, não é mesmo? Eu só adiantei o que m vantagem. Muitas outras procuram compensar seu complexo de inferioridade obrigando os demais a seus caprichos e vivem dando ordens, como se realmente dominassem a situação. Muitas vezes isso é falta de segurança! 


1 - A CARIDADE


Geralmente não percebemos como prejudicamos a convivência com outras pessoas com nosso egoismo, narcisismo, individualismo, pedantismo, pão-durismo etc. 

O cristão precisa aprender a controlar esses “ismos” todos e viver na humildade e na caridade, agindo como se nada possuísse e como se fosse indigno de tudo. 

Ser humilde é ter consciência do que se é, aceitar-se como se é. Ser humilde não é a mesma coisa que ser tímido. Humildade é virtude, ao passo que timidez é defeito!

Ser humilde é agir de acordo com as próprias qualidades e capacidades, sem querer pavonear-se das qualidades. É também reconhecer que os demais também possuem capacidades e qualidades. 

Ter medo de agir, muitas vezes, é soberba, vaidade, mas não humildade. Exemplo: muitos não querem ler nas missas por vergonha de errar (ou seja, por vaidade), e não por humildade. Seria, do mesmo modo, falta de humildade querer ler a leitura da Missa para que saibam que você é bom na leitura. 

Se você aceitar algum serviço ou cargo, tenha como único motivo a glória de Deus e o bem das pessoas, como diz 1ª Coríntios 10,31-33: 

“Quer comais, quer bebais, quer façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”(...)”Em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar”. 

É preciso aprender a vigiar nossas ações pra não prejudicar o próximo no dia a dia, fazendo de tudo para viver apenas com o necessário, sem muitas exigências. Em tudo demonstramos se amamos ou não os demais: no banho (muitos demoram demais), na alimentação (muitos pegam tudo e deixam o outro sem nada), na limpeza (muitos sujam tudo e não limpam nada), na prestatividade (muitos acham que os outros são seus empregados) etc. 

O cristão autêntico nunca vai querer tirar vantagem em tudo, pois a nossa única vantagem é o paraíso, a vida eterna! O resto é o resto! O restante das coisas é lixo, como diz S. Paulo em Filipenses 3,8:

“Tenho tudo como esterco, em busca do Reino de Deus” Romanos 12,3: “ Não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus proporcionou a cada um”.

Sobretudo, devemos ser humildes para com Deus, não o tentando pela falta de humildade, como pede Sabedoria 1,1-5: 

“Deus se revela aos que o buscam com a simplicidade de coração, aos que não o tentam”.

Peçamos-lhe as graças com humildade, submissão, colocando-nos em suas mãos para o que ele quiser de nós, deixando-o “livre” para que ele faça conosco o que bem quiser. Lembremo-nos de que tudo o que recebermos, deixaremos aqui no dia de nossa morte, e tudo o que partilharmos, nos acompanhará à vida eterna. Acolher e respeitar nosso próximo nos abre para o acolhimento de Deus.

Tudo o que dermos a qualquer pessoa, é ao próprio Deus que estamos agradando, e Ele, que nos ama tanto, nos retribuirá. Eclesiástico 4,10 diz que tudo o que quisermos dar a Deus, demo-lo aos pobres e demais necessitados! 

Temos de encontrar tempo para acolher, ouvir e conversar com quem nos procurar. Deus encontrará um “tempo” também para nós. Tenhamos misericórdia dos que erram. Ajudemo-los a se recuperarem e a recomeçarem nova vida. Deus terá também misericórdia de nós e de nossa família (Mateus 6,14-15). Diz Tiago 2,13: 

“A misericórdia triunfa sobre o juizo”. 

Para vivermos em harmonia, nunca julguemos quem quer que seja, como nos pede Lucas 6,36-37: “ Sede misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados”.

Julgar é diferente de fazer uma crítica. Julgar é colocar más intenções naquilo que a pessoa falou ou fez. Se não soubermos os motivos pelo qual o outro fez isto ou aquilo, calemo-nos! Se precisarmos admoestá-lo, pensemos bem nisto: nunca coloquemos em suas “costas” uma culpa que achamos que ele tem. Ou seja: pode ser que a pessoa fez o que fez por fraqueza, ou outro motivo qualquer, e não por maldade ou “sem-vergonhice”.

Se uma pessoa quebrar algo, por exemplo, podemos até pedir-lhe mais cuidado com aquilo; isso não é julgar. O que não podemos fazer é dizer que a pessoa fez aquilo de propósito, apenas para contrariar-nos. Isso seria julgar. Diz S. Paulo, no capítulo 13 da primeira carta aos Coríntios, que a caridade nunca se findará, nem no céu. Vale a pena ler o capítulo todo, para perceber até que ponto devemos amar e “deixar para lá” tantas coisas que são motivos de brigas! 

Jesus resumiu os dez mandamentos em três: Amar a Deus sobre todas as coisas, amar ao próximo e amar a si mesmo. Devemos amar ao próximo na mesma medida com que nos amamos. Amar a Deus, na verdade, se realiza no amor ao próximo. 

Amar significa perdoar sem medida, como diz Lucas 17,4:

“ Se o irmão pecar contra você 7 vezes no dia e 7 vezes no dia vier a você e lhe disser: arrependo-me, perdoa-lhe!”. 

Entretanto, o perdão implica numa reparação, numa compensação da parte que ofendeu. Se for um crime, deve ser normalmente julgado pela justiça. 

A caridade também é partilha dos bens. Dificilmente vamos ficar sem recompensa quando sabemos partilhar. Deus nunca deixa falar nada aos que partilham, como Lucas 6,38:

“Dai e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos colocarão no vosso colo, porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”. 

É imbecilidade nos apegarmos aos bens materiais ou nos preocuparmos em demasia com o futuro. “O futuro a Deus pertence”, diz o ditado.

2 - A GRATIDÃO


Deixaremos de lado os nossos “ismos” e a falta de caridade, quando aprendermos a viver a gratidão. 

Jesus sempre gostou da gratidão e detestou a ingratidão. Em Lucas 17,17-18 vemos como ele sentiu a ingratidão dos leprosos curados que não voltaram para agradecer e como elogiou a gratidão do que voltou para render graças, que era, por sinal, inimigo político dos judeus, um samaritano. 

Em Mateus 23,37-38, Jesus sentiu a ingratidão do povo judeu e se expressou deste modo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, quantas vezes quis te reunir como a galinha reúne os pintinhos sob as asas, mas vós recusastes!”

Em Mateus 18,23-35, Jesus contou a parábola do rei e do devedor, que fora perdoado em três toneladas de ouro (eu fiz a conta e deu mais ou menos isso), mas ao sair do palácio não perdoou a um seu devedor que lhe devia 400 gramas de ouro! E Jesus condenou a atitude dessa pessoa tão ingrata! Quanta gratidão temos com as graças de Deus Nós O agradecemos sempre? Pecar é um ato de ingratidão a Deus, pois Ele nos trata bem e nos perdoa e, ao pecarmos, estamos nos afastando dele, que tanto nos ama. Ao não perdoarmos estamos tendo ingratidão contra Deus, que nos perdoa sempre!

Quando recebermos dos outros a ingratidão, agradeçamos a Deus, pois Ele nos agradecerá no lugar do ingrato, com muitas graças! Nunca devemos fazer as coisas para sermos louvados e recompensados! Precisamos nos acostumar a fazer tudo para a maior glória de Deus, sem nenhum interesse pessoal. “Depois que fizerdes tudo o que puderdes, deveis dizer: 'Somos servos inúteis'! “-Lucas 17,10.

Jesus chorou várias vezes. Por exemplo em Lucas 19,41:”Quando Jesus chegou mais perto e pôde ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo'Se também tu, principalmente neste dia que te é dado, reconhecesses o que te pode trazer a paz!”

Pedro também chorou por ter sido ingrato a Jesus, em Mateus 26,75. Já no Antigo Testamento, Deus reclama da ingratidão do povo, como em Miquéias 6,2-5.

Nunca sejamos ingratos para com ninguém, pois além disso “doer” no coração da outra pessoa, provoca a não ajuda de Deus em nossos atos e projetos.

3 - A SINCERIDADE



A sinceridade é a base de nosso relacionamento com Deus e com todos. Diz o salmo 119/118,1: “Felizes os íntegros em seu caminho, os que andam conforme a lei do Senhor”. São ridículas aquelas pessoas que elogiam a tudo e a todos, mas sempre estão descontentes com tudo e com todos.

Por outro lado, o elogio sempre faz bem quando é merecido. A crítica só deve ser feita se a pessoa em questão for sua subordinada ou se ela lhe pedir. As pessoas se ofendem muito quando alguém lhes chama a atenção. Entretanto, se eu for me confessar com algum padre, este deverá ser muito sincero para comigo, mostrar-me a verdade a meu respeito, sem rodeios. Muitos estragos têm sido feitos em pessoas, por não se lhes terem dito a verdade a respeito de sua vida de pecado.

Para ser sincero com os outros, preciso ser sincero comigo mesmo, aceitando-me como sou, assumindo-me como sou, conhecendo e aceitando meus próprios limites e defeitos, mesmo que isso doa, ter consciência plena e humilde dos próprios pecados e pedir perdão deles a Deus, confessando-se pelo menos algumas vezes por ano. Isso nos leva à salvação e a uma alegria infinda, a uma paz deliciosa, como diz 1ª João 1,8-10:

“Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a Verdade não está em nós. Se reconhecermos os nossos pecados, Deus, que é fiel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda a injustiça. Se dizemos que nunca pecamos, estaremos afirmando que Deus é mentiroso, e sua palavra não estará em nós.

Há muitas pessoas que são do “time” “Me engana que eu gosto”, ou seja, que não aceitam nenhuma crítica às suas pessoas, por mais construtivas sejam. A hipocrisia é bem comum na sociedade atual. Muitas pessoas mentem, inventam, “enrolam” os outros, exageram, maquiam a verdade, tentam parecer o que nunca foram ou mesmo o que nunca serão, etc.

Nossa hipocrisia começa logo de manhã quando cumprimentamos uma pessoa. Você está realmente querendo saber como ela está? Se a pessoa tiver a infelicidade de responder e tentar lhe mostrar o que não anda bem nela, você logo a descarta e lhe promete que num outro dia a escuta, e que está com pressa. Sempre estamos com pressa.

No escritório, mais falsidade, quando temos que concordar com os chefes e dizer que está tudo bem, quando na verdade muitas vezes discordamos do que estamos fazendo de modo obrigatório.

Em internatos de modo geral, a coisa piora: tanto os internos têm que concordar com os funcionários, como eles também têm que mostrar que é aquilo mesmo que querem, quando, na verdade, estão apenas cumprindo ordens. Os funcionários de um internato são bem diferentes quando estão em suas vidas normais. No trabalho, precisam mostrar uma cara de brabo, que muitas vezes não têm na vida normal.

Quantas vezes temos que rir de piadas sem graça, só para contentarmos quem as contou! E concordar com tantas coisas às vezes contra nossa vontade!

Os pastores e os padres, coitados, quanta ginástica precisam fazer, nas homilias, para não ofenderem estes ou aqueles! Qualquer assunto de que falam sempre provoca críticas, nunca contentam a todos (e nem devem, se quiserem ser verdadeiros!).

Quando o assunto é pecado, porém, os pastores e os padres devem sempre ser sinceros, mesmo que percam a amizade daquela pessoa. Nunca enganar a ninguém nesse assunto. São João Batista morreu assassinado por ter denunciado o adultério de Herodes!

Jesus vivia pregando contra os fariseus e autoridades do tempo, por causa do fingimento e da hipocrisia, como em Mateus 23,27-28: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados...”

Lucas 12, 1: “Acautelai-vos do fermento (=hipocrisia) dos fariseus!”

Tiago 3,17: “A sabedoria que vem do alto(...) é isenta de parcialidade e hipocrisia.”

Mateus 6,2.5.16 fala que é hipocrisia dar esmolas para    sermos vistos. Mateus 23,13 diz que os escribas bloqueiam o Reino dos Céus aos homens, e eles mesmos não vão conseguir entrar.

Agora, o pior tipo de hipocrisia é quando mentimos para nós mesmos e para Deus! SOMOS O QUE SOMOS DIANTE DE DEUS! Somos levados a pensar que somos melhores do que os outros, que levamos vantagens sobre outras pessoas, que temos supremacia ou sei lá mais o quê... 

Acabamos fingindo para nós mesmos, para os outros e para Deus. Se eu não me aceitar como eu sou, nunca vou melhorar nem vencer-me. E não podemos enganar a Deus. Isso é impossível!

Dizia D. Valfredo Tepe: “Deus nos aceita como somos para transformar-nos naquilo que Ele quer que sejamos”.

4 - A PACIÊNCIA


Outra virtude necessária aos cristãos é a paciência. S. Francisco de Salles (séculos 16/17) era muito irascível, até que converteu-se, tornando-se o “Santo da Paciência!” 

Já nos adverte Efésios 4,26-27: “Que o sol não se ponha sobre a vossa ira! Não deis entrada ao demônio!”. O demônio se sente “à vontade” num ambiente em que pelo menos uma pessoa está irada. A inimizade, a discórdia, o ódio, a irritação, os gritos histéricos, são “a praia” do demônio, do maligno. Numa discussão, por exemplo, o que se deixa levar pela ira, pela impaciência, perde, mesmo que esteja com a razão.

O livro “A Imitação de Cristo” diz, no cap. 3 do livro 2: 

“Quem não está em paz, converte em mal até o bem. O homem bom e pacífico, porém, faz com que tudo se converta em bem. Nas irritações dizemos muitas coisas que não diríamos na calma, que não deveríamos dizer, e atendemos às obrigações alheias e nos descuidamos das nossas (...) Suportemos os outros, para sermos suportados”. 

S. Paulo nos diz em 1ª Tessalonicenses 5,14.16:

“Sejam pacientes para com todos.(...). Estejam sempre alegres”. (Ver também Tiago 5,8). Mateus 5,5: “Felizes os mansos, porque possuirão a terra”; Mateus 11,9: “Aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração”. 

Quem é paciente vive em paz, conseguirá alcançar a “terra prometida”, para nós o paraíso, o final feliz da caminhada. “Devagar se vai ao longe”, se diz no italiano. Ou São Tomás de Aquino: “È melhor andar mancando no caminho certo do que correr no caminho errado”. 

Uma coisa errada que às vezes fazemos é ficar olhando no relógio quando alguém quer falar conosco e não estamos dispostos a “´perder tempo” com ele. Muitas vezes não é perda de tempo, pois a pessoa está necessitada de alguma atenção. Aliás, nunca temos tempo, a não ser quando temos algum interesse na conversa. Muitas famílias não se conversam porque estão vendo TV, novelas e ai de quem falar com alguém! Espero que Jesus não fique impaciente, olhando no relógio dele, quando eu precisar falar com ele!

Diz o Eclesiástico 2,14: “ Ai de vocês que perderam a paciência! O que farão vocês quando o Senhor lhes pedir contas?”

Muitos católicos deixaram a religião e passaram para os protestantes ou para os evangélicos por causa do acolhimento que essas igrejas lhes fizeram, ao contrário de muitas igrejas católicas que não sabem acolher. Quantas pessoas não se achegam à confissão porque o padre não tem paciência com a demora e até levam uma “bronca” daquele que está ali para servir, e não para ser servido. 

Os problemas e a vida daquela pessoa são muito importantes! Mesmo que aquela pessoa não conte nenhum pecado grave, o padre deveria atender e ouvir com amor, solicitude, mansidão. O padre que fizer isso vai progredir a passos largos na fé e será acolhido por Deus, além de ter a participação na comunidade aumentada. O tempo do padre é, antes de tudo, do povo, não dele mesmo. Dis Mateus 20,28: 

“O Filho do Homem não veio para ser servido.Ele veio para servir e para dar a vida como resgate em favor de muitos.”

Não só os padres, mas todos nós devemos ter paciência, também, com os doentes e necessitados, fazer-lhes visitas rápidas (visitas longas cansam e enfadam o doente), suprir-lhes as necessidades. Gastar tempo com eles é gastar tempo com o próprio Jesus, e no final, não estamos gastando, mas ganhando nosso tempo. 

Por fim, tenhamos cuidado com as palavras. Mateus 5,37: “Seja o vosso 'sim', sim, e o vosso 'não', não. O que passa disso vem do maligno”. Ou seja, ser sincero e verdadeiro no que falamos (comentário da Bíblia de Jerusalém). Mateus 12,36-37 fala que seremos julgados segundo nossas palavras. Em Efésios 4,29.31: “ Não saia de vossos lábios nenhuma palavra incoveniente, mas na hora oportuna a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a ouvirem.(...) Toda amargura e exaltação e cólera, e toda palavra pesada e injuriosa, assim como toda a malícia, sejam afastadas de entre vós”

DEUS NOS PERMITE O SOFRIMENTO PARA NOS PURIFICAR, A FIM DE QUE POSSA NOS INFUNDIR A SUA SANTIDADE” (Hebreus 12,10).

NADA TE PERTURBE, NADA TE ESPANTE, TUDO PASSA. A PACIÊNCIA TUDO ALCANÇA. A QUEM A DEUS TEM, NADA LHE FALTA. SÓ DEUS BASTA! ( Sta Teresa de Ávila) 

5 -- A VIDA NA CARNE E A VIDA NO ESPÍRITO SEGUNDO S. PAULO APÓSTOLO

24 de outubro de 2011 - carta aos Romanos cap. 8- Texto do Pe. Fernando Cardoso - 

“Se viverdes segundo a carne, morrereis – afirma Paulo – mas se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, então vivereis.” É preciso aqui explicar cada termo e seu peso respectivo no vocabulário teológico Paulino.

Carne é o homem todo para Paulo, mas sem Deus, sem ser conduzido por Deus, conduzido por ele mesmo,  o homem, com suas paixões, com seus limites, com seu horizonte pequeno e fechado; o homem pecador.

Espírito, para Paulo, também não é a alma que se contrapõe ao corpo. Espírito para Paulo é o homem  também, todo, inteiro, porém, conduzido por um outro Espírito: o Espírito de Deus. E assim, os homens  espirituais são aqueles que, concretamente, deixam-se conduzir pelo Espírito de Deus, que receberam  de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, como o único fruto e mais excelente de Sua paixão, morte e ressurreição.

O homem carnal é o homem, todo, inteiro também, não conduzido por Deus, de quem Deus não é o princípio nem o fim de suas próprias ações.

O homem espiritual, o homem conduzido por Deus, realiza plenamente a vontade de Deus. 

Se você a realiza perseverantemente na vida de cada dia, é porque é movido, conduzido e guiado pelo Espírito de Deus. Caso contrário, se houver alguém que não realiza a vontade de Deus, pelo contrário, que esteja emaranhado pelos próprios vícios e pecados, este aqui é o homem carnal, este aqui é conduzido por ele mesmo, vive uma vida autárquica e sem Deus.

Para o primeiro, o fim é a Vida Eterna; para o segundo, o fim é a morte. Mas aqui também  é preciso atenção: quando Paulo fala normalmente morte, “tanatos” em grego, não quer com este vocábulo unicamente, nem principalmente, designar a morte biológica. 

Para aqueles que são conduzidos por Deus, a morte biológica, diria eu, é uma pura encenação, é alguma coisa de irreal, é alguma coisa que não existe, pois a verdadeira morte para aquele que crê verdadeiramente em Cristo, já ficou para trás. Sua verdadeira morte deu-se, quando se uniu à paixão e morte de Jesus por ocasião de seu batismo. Essa morte, que chamamos biológica, nada mais é do que a cessação desta vida transitória, para o início de uma vida plena e definitiva, que não pode, evidentemente, ser chamada de morte.

Por isso mesmo Paulo nunca chama a esta morte biológica de morte. Ele reserva outro vocábulo a respeito dos que dormiram, ou então fala do sono.

Se você é uma pessoa conduzida pelo Espírito de Jesus, e se deixa conduzir por este Espírito, sua morte perigosa, aquela que se deve temer, já ficou para trás. A morte biológica nada mais é do que passagem para a plenitude de vida. E neste caso, sua vida não é tirada, é simplesmente transformada, e transformada para melhor. 

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