segunda-feira, 30 de setembro de 2013

POESIAS - DA MINHA JUVENTUDE 02

 

PARA A TONI

(Escrita em 1969, aos 24 anos. A moça era de Ijuí, RS.).

J-VII

Na tristeza da tarde que se esvai,

e morre, num longo suspiro,

eu me sinto triste...

E com meus olhos lacrimejados,

num soluço de dor,

Vejo minha imagem refletida

nos restos de uma flor,

que jaz,

ao chão caída...

 

Um sonho de amor...

um soluço de dor...

uma flor desfolhada,

ao chão pisada...

E nada mais resta!

Só ficou a tarde,

esta triste tarde quase morta.

Dentro de instantes,

mesmo a tarde não mais existirá!

Restarão as trevas,

a angústia,

desta minha pobre vida,

que perdi,

buscando teu amor!


RIR DO MUNDO

(Em 1969, aos 24 anos, uma colega de faculdade me passou um bilhete e eu lhe respondi, durante uma aula chata).

J-VIII

"Ria!

Ria do mundo!

Divirta-se, alegre-se!

Trepide seu cansado corpo!

Enquanto milhares morrem de fome!"

 

(minha resposta:)

 

Rir!

Sim, como eu desejaria rir

 deste mundo insano,

dessa dor cruel

que me arrasta,

que arrasta o outro,

que arrasta a humanidade!

 

Sim,

eu gostaria de rir

enquanto muitos morrem,

enquanto muitos se matam,

mas não posso!

Não posso!

Ao tentar fazê-lo,

sinto um laço no peito,

que me aperta,

e não me deixa rir!

E tudo o que faço

é soltar um grito sem eco,

(ela acrescentou:)

"um grito de dor"!



DESESPERO ESPERANÇOSO

(ESCRITO EM 1970, retratando a depressão de um amigo católico).

J-IX

Esperanças vãs, infrutíferas orações,

desconsolo e desalento neste angustioso dia...

O mundo nu, debaixo de teus pés,

carne reluzente, sabores de orgia.

Medidas inúteis, esforços vãos,

cruéis tentações, horrível melancolia.

Síncope indissolúvel de terrível mal,

que te faz perder-se no caos de sexo e antropofobia.

 

Anjos de asas limpas, a Virgem de Conceição Imaculada,

fonte de alegria aos corações sinceros e puros,

morte de tua alma, fútil e covarde.

Fúteis acordes de fingida piedade,

negro porvir avizinhando-se em tua mente.

Cruel destino de quem teme e não ama,

fim inútil de quem se desespera e não vê...

 

Meio infalível de chegar-se a Deus, que de amor se inflama,

é chegar-se a seus pés pedindo perdão,

é agarrar Suas mãos e não mais as soltar...



FAZEI-ME, SENHOR, EM PEDACINHOS...

(EXAGERO ESCRITO EM 1972, 27 ANOS.)

J-X

Senhor! Tomai-me todo, inteiro,

e esmigalhai-me na multidão!

Fazei com que os meus pedaços,

meus pedacinhos,

se espalhem pela multidão

que de vós necessita!

Fazei com que cada pessoa

 tenha um pedaço de mim!

 

Senhor!

Tomai minhas partes picadas,

espalhadas na multidão,

mas tomai, também, cada um que as possui,

e tomai-os todos para vós.

Fazei-me novamente inteiro,

lançai-me novamente,

para que eu pertença a todos,

e os traga novamente a vós!

Fazei isto, Senhor,

até que sejais, para sempre,

tudo em todos!

Porque quando Vós fordes

tudo em todos,

não haverá mais desejos,

pois vós sois

 tudo o que alguém possa desejar.



ORAÇÃO A MARIA

ESCRITA EM 31/05/1977

J-XI

Maria, mãe querida,

eu te amo tanto!

E, neste amor,

 lembro tua juventude

 e aquela tarde

de sol ou de chuva?

 - não sei! -

em que deste o teu "sim"!

Eras jovem,

e não tinhas em mente

 todo o alcance desse "sim"!

Mas tinhas fé!

 

Eu disse o meu sim,

um sim limitado,

um sim pequenino,

sem muita fé,

sem muito amor,

sem muita convicção,

cheio de condições,

cheio de indagações,

desejoso de frutos imediatos...

 

...E nessa mesquinhez,

acabo não dizendo sim,

sem, contudo, dizer não!

E, entre um sim e um não,

passo os meus medíocres dias

como uma água morna,

que um dia

 até pode ser vomitada

 da boca de Deus! (Apoc 3)

 

Oh, Maria,

mãe bendita,

ajuda-me a dizer sim!

Mas um sim verdadeiro,

sem dúbias intenções,

sem impor condições,

sem querer recompensas,

e faze, deste modo,

que eu me dê inteiramente,

sem divisões,

a teu Filho amado.

 

Ó mãe bendita,

faz-me um "semeador" verdadeiro,

faz-me um verdadeiro instrumento

 da vossa santa paz,

de teu Filho,

nosso Senhor e Redentor.

Amém!

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